Há muito que não escrevia nada. Não porque tenha desistido do projecto ou abandonado a prática mas sim porque a "prática" é "monótona".
Monótona???
Sim, na medida em que no mundo actual que vive também do consumo de informação, a prática interna é repetitiva, vive da disciplina e resiliência e não tanto da novidade constante.
É também verdade que nestes últimos largos meses, para além de desafios profissionais, tenho combatido contra o sedentarismo e, SOBRETUDO, o vaguear da mente. E é sobre isto que gostaria de falar um pouco hoje.
Qualquer prática, seja ela qual for, requer muita repetição, para que possa ser profundamente entendida e executada. Não é diferente nas práticas internas, diria mesmo que neste tipo de práticas é uma verdade impossível de contornar.
Mas e se praticar não for suficiente???
Como o Sifu Adam Mizner diz; "a prática interna ocorre no interior"....
Ora quando quando praticamos Taiji, Meditação, Qi Gong... a prática é interna, certo? Para que a prática seja interna é FUNDAMENTAL que a mente esteja enraizada no corpo!!!
Aqui reside a chave que se insere na ignição!
Se a prática for feita de forma ritualística, esta não terá resultados internos, apenas pequenas flores que qualquer prática externa pode também dar.
Isto porque toda a prática requer a espansão da consciência e essa não no exterior de nós mas no interior!!! Porque antes de mais se há maior realidade que podemos conceber é a nossa existência, somos nós! Por isso não devemos colocar a nossa atenção no exterior, no céu, na estrela polar, no trabalho, nos pássaros, etc mas sim em nós!!! Mas este é um desafio complexo porque a mente não está habituada a ficar quieta. A mente está habituada a viajar de tema em tema, de estímulo em estímulo e sobretudo tudo externo a nós, porque o que reside em nós é.... Monótono!
Aqui encontra-se uma barreira enorme onde creio que muitos se deixam ficar. Isto porque pode demorar muito tempo, anos, até que consigamos sossegar a mente e dar poder à atenção. E mesmo quando, aparentemente, o estado de atenção começa a comandar a mente e esta a sossegar, nada está garantido (falo por experiência). Muito facilmente tudo volta para trás.
Se há coisa que aprendi nestes últimos anos é que nada se conquista! Tudo resulta de um trabalho continuado e os estados que se atingem podem ser perdidos se a prática parar.
Por isso digo, a prática é sagrada porque é ela que nos permite ir caminhando e transformando. A prática terá uma importância tão grande no início como no fim será ela que irá garantir o nosso crescimento.
Mais tão importante como a prática é também o nosso estado de atenção. Podemos passar anos a praticar 1 ou 2 horas por dia, se não houver foco não esperem crescimento interno. A prática deve ser feita integralmente, quero dizer corpo e mente. Se o corpo trabalha a mente também e neste caso mantendo o foco total no exercício e em todo o seu propósito. Isto pode parecer fácil mas à medida que o tempo passa os desafios aumentam. Isto tudo na monotonia! Porquê? Porque os exercícios são os mesmos, os movimentos iguais, o foco igual... UMA SECA!!!
E esse é o maior desafio, ser capaz de manter o mesmo foco em algo que fazemos pela primeira vez, como na milionésima...
Por isso, praticar SIM mas com a cabeça no sítio