(Tai ji Parte I)
"Último supremo", representa a dualidade primária de Yin e Yang, onde o mundo diferenciado começa. O "último supremo" ou Tai ji está entre o Dao e os 100 000 seres, entre o indiferenciado e o manifesto. É por isso de grande importância o entendimento deste princípio.
Tai ji é o mecanismo que permite que o Dao se manifeste no mundo material de forma diferenciada. É por tanto um movimento constante de transformação entre duas energias primárias, contrarias mas complementares, permitindo dar origem a tudo o que conhecemos, e ao que ainda desconhecemos.
Este príncipio está presente, de uma forma geral, em toda a cultura Chinesa e em particular, na Medicina Chinesa e nas práticas internas.
É por isso algo muito explorado nas práticas de Qi Gong e Tai ji.
Mas o que pode ser o Taiji na prática, na realidade? Não será este apenas um conceito teórico?
Na cultura chinesa, as teorias desenvolvidas advêm da observação de fenómenos naturais. Após observação dos acontecimentos que ocorrem na natureza externa e interna, foram criados conceitos que pudessem representar esses acontecimentos. Desta forma seria possível ensinar quem não tinha esta capacidade de observação.
Portanto, Sim! Esta é uma teoria eminentemente prática e visa explicar à pessoa o que acontece na natureza. Assim podemos prever, resolver e equilibrar o que nos circunda e envolve.
O Tai Ji Chuan
A prática do Tai ji chuan é isso mesmo. É uma forma de aplicar este príncipio por forma a refinar o corpo de tal forma a atingir o estado de Tai ji, "último supremo". Uma vez que nos movemos no mundo manifesto, este treino faz-nos regressar a um estado que nos antecede, pré-celestial. Com a prática deste método, refinamos a energia até atingir o estado de Tai ji.
Nesse momento identificamos claramente as energias primárias Yin e Yang. Com a continuação da prática, suplantamos esse estado permanecendo em Wu ji (estado indiferenciado) estando em contacto com o Dao, a energia não-manifesta.
Este é o grande objectivo da prática de Tai ji Chuan. Mesmo no que toca à sua componente marcial, é atingindo este estado que o praticante se torna mestre, capaz de responder a todas as ofensivas pois está imbuído da energia que reveste o mundo, de onde todo o conhecimento deriva e por isso encontra-se num estado de invencibilidade (estado não dual).
É importante refletirmos sobre o Tai ji, mas sobretudo praticarmo-lo. À medida que o corpo, na sua integra, se refina, o Tai ji torna-se cada vez mais visível e o seu entendimento cada vez mais claro