sábado, 26 de março de 2011

Tratado da fundação da Ordem Quan Zen Jiao, de Wang Chong Yang

a) A vida na ermida - O homem que abandonou a sua pátria deve viver numa ermida. A ermida é um lugar onde o corpo encontra descanso. Quando o corpo chega à quietude, o espírito também encontra a paz. Tanto o Qi como o Shen passam a ficar harmoniosamente equilibrados, de modo que o homem pode enveredar pelo caminho verdadeiro. Não se deve trabalhar em excesso; a estafa enfraquece a energia vital. É preciso movimentar-se para que o sangue e a energia vital não fiquem estagnados e se congestionem. O movimento e o descanso devem alternar-se regularmente. Além disso, é preciso contentar-se com a sua sorte. Desse modo, habitar-se-á em paz.

b) O acompanhamento do percurso das nuvens - Há duas maneiras de peregrinar. Na primeira, admira-se a luminosidade e a beleza das montanhas e da água, o vermelho e o verde das flores e das árvores; desfrutam-se a movimentação e os divertimentos da cidade e do campo; admiram-se as torres e os monumentos dos tempos; visitam-se amigos e tem-se interesse pelas belas roupas e boa comida. Um homem que faz isso pode viajar milhares de quilómetros, cansar-se e exaurir toda a sua potência e energia correndo atrás de todas as maravilhas do mundo; o sei espírito fica confuso, e a sua energia, tolhida. Um homem assim segue em vão o percurso das nuvens.
A segunda maneira de peregrinar busca a natureza e a vida (Xing ming), procura as profundezas secretas e não recua diante de altas e escarpadas montanhas para consultar um mestre iluminado; percorre longos trajetos e atravessa caudalosos rios na incansável busca do Tao. Ao ouvir uma única palavra de vida, surge para o viajante a luz pura, e ele reconhece o mistério da vida e da morte e torna-se um homem de verdade. Um homem assim é um peregrino no verdadeiro sentido da palavra.

c) O estudo dos livros - Ao procurar a sabedoria nos livros, não convém fatigar os olhos com a leitura. O principal é compreender o sentido e apropriar-se dele. Pode-se então deixar o livro de lado e ocupar-se depois com sentido, abandonando-o em seguida para buscar a própria motivação; deixa-se a seguir a motivação e volta-se a vista para a conclusão. Alcançado este resultado, deixa-se quenele se fixe profundamento no espírito. Procedendo-se assim durante bastante tempo, surgirá espontaneamente a compreensão pura, a luz do espírito fluirá livremente, o espírito  da sabedoria pura (Qi-Shen) percorrerá o seu caminho e não haverá lugar onde nâo penetre e que não fique pleno dele. Ao ser atingido esse ponto, dever-se-ia guardá-lo no íntimo, enpregando-se todas as forças para não se desviar dele a fim de não perder a natureza e a vida. Se não se deixar que o sentido de um livro se torne vivo no mais íntimo do nosso ser, desse modo, e se apenas forem amontoados no nosso interior, pensamentos e conhecimentos para ostentação e vanglória, o livro não terá valor e trará prejuízo ao espírito e à energia. Por mais livros que se possa ler, isso será inutil para o Tao. Para compreender um livro, é preciso deixar que ele penetre no nosso interior.

d) A coagulação das substâncias do elixir - As substâncias do Elixir são a força da montanha e do rio,  e a essência fugiidia da erva e do arbusto. A essência deve ser estimulada ou diminuída pelo aquecimento ou arrefecimento. A essência deve ser eliminada ou combinada com outras substâncias pela condensação ou diluição. O buscador do Tao deve reforçar a natureza e a essência de um homem e despertá-lo para a vida e não, como um médico cego, aniquilar a aparência e o corpo de quem procura auxílio.   Não há outro caminho para ajudar um homem que busca o Tao. O buscador do Tao também não se deve ligar ao que procura ajuda, porque exporia o tesouro oculto ao perigo. Não se deve vemder a ajuda por bens e riquezas terrenas, nem se deve esgotar a energia interior no cumprimento das obrigações, pois, desse modo, a vida actual e a recompensa de uma vida futura seriam colocadas em risco.
Meus discípulos, observem bem tudo isto!

e) A construção de uma clausura - Para abrigar e proteger o corpo, deve o buscador do Tao contruir em si uma clausura, com telhado de palha e camadas de folhas, porque dormir em campo aberto e molhar-se de orvalho pode expor o homem ao perigo, e as fases alternadas de Sol e Lua podem causar-lhe prejuizos. Mas uma personalidade superior tampouco irá construir para si uma casa elevada e sumptuosa, com vigas talhadas; como um palácio assim poderia ser a morada apropriada para um buscadir do Tao? Ele deve cortar àrvores, estancar as veias secretas das àguas perigosas que existem sob a Terra, desfazer-se dos seus bens e riquezas e desatar os laços de sangue e de família. Observar somente a forma exterior sem cultivar o exercício interior é como querer saciar a fome com um bolo pintado ou comer neve  em vez de alimento. Toda a energia é esbanjada por nada. Quem quer obter sunyata, vivenciá-lo e passar a sê-lo, deve procurar o castelo da paz em seu interior o mais rápido possível. A morada exterior em nada contribuiu para essa experiência; ela se decompõe em pouco tempo. Meus sábios amigos, procurem cuidadosa e escrupulosamente!

f) A conquista dos amigos do Tao - Os buscadores do Tao tornam-se amigos para se socorrerem em caso de doença. Se o meu amigo morrer, eu enterrá-lo-ei. Se eu morrer, ele enterrar-me-á. Porém, antes de eleger alguém como amigo, o seu carácter deve ser analizado com cuidado, deve ser feito amtes, e não depois de se estabalecer o vínculo da amizade. As pessoas não se devem ligar umas às outras para que não se tornem mutuamente dependentes; isso seria como algemar a alma. Não é preciso fugir do amor, porque, sem ele, a pessoa ficaria só e perdida. É necessário aprender a amar sem se prender; isto é o correcto. No amor e na amizade vale a pena observar três virtudes e evitar
três defeitos: clareza de espiríto, sabedoria e zelo (vontade) - são as virtudes; incensatez, apego às formalidades, estupidez, desorientação confusa como sintoma de que o fluxo vivo da energia está a esgotar-se e é esbanjado - são os defeitos. É possível encontrar-se a si mesmo no campo e n floresta. Só se pode conquistar amigos com alma e vontade. Ninguém se deve entregar às suas inclinações, que escolhem um homem pela aparência; é preciso escolher um homem puro e de elevada inspiração. Esse é o único modo correcto de se fazer amigos.

g) Como "sentar-se em silêncio" de modo correto - "Sentar-se em silêncio" corretamente não é apenas permanecer sentado com os olhos fechados; essa seria uma posição meramente fictícia. Na verdadeira "posição sentada para meditação"' o espírito deve assemelhar à montanha Tai (Tai Shan); de modo inabalável e imóvel, é preciso vigiar as quatro portas (olhos, ouvidos, boca e nariz), não permitindo que o mundo exterior entre. Se o menor movimento de um pensamento for despertado, se a concentração se desviar apenas por um instante, isso já não é mais meditação. Um homem versado nessa posição de sentar em silêncio encontrará o seu nome inscrito no livro da vida, mesmo que siga a sua profissão em meio ao mundo de sombras. Não precisa empreender longas peregrinações, porque, depois dos cem anos de prova, a sua sabedoria e prudência deixarão cair os envoltórios exteriores, fazendo surgir o verdadeiro eu. Logo que o Elixir se manifesta, não há mais limites para o espírito (Shen), e ele abrangerá o cosmo.

h) Como refrear a alma - Ao se deixar a alma na profunda quietude, isenta das aspirações conscientes,  permanece-se imperturbado pelas míriades de fenómenos; na profunda quietude, não tocada pelo exterior nem pelo interior, nem mesmo o mínimo pensamento se move. É esse o espírito da quietude; é preciso cuidar para que nada perturbe esse estado. Ao se deixar que o espírito se dedique aos fenómenos, ele tentará desvendar o caos e isso causará distração e apartamento. Deve pôr-se termo a tal preocupação o mais rápido possível, porque ela destrói o mundo interior e permite que a energia vital se esvia. Quer se
esteja descansando ou andando, sentado ou deitado, deve-se frear a visão e a audição constantemente, porque ouvir e perceber trazem doença e sofrimento.

i) Como manter a natureza pessoal em equilíbrio - A natureza inerente ao homem assemelha-se à corda de uma harpa. Se for esticada com demasiada tensão, ela parte-se; se estiver frouxa demais, a harpa fica desafinada. O tom certo deve ficar no meio, entre a tensão e a frouxidão. Dá-se exactamente o mesmo quando se forja uma espada; se houver aço a mais, a espada ficará sem maleabilidade e irá partir-se; no entanto, se houver excesso de estanho, a liga irá ficar demasiado mole, e a espada irá tornar-se inútil. Só a mistura certa de aço e estanho fará a espada tornar-se útil. Procedendo-se exatamente dessa maneira com a natureza interior, a sabedoria se manifesterá por si mesma.

j) A fusão dos cinco elementos - Desse modo, os  Cinco Elementos ( o qi dos cinco elementos de que o homem e o universo se compõem) devem ser recolhidos no Palácio do Centro, e os três fundamentos (san yuan, o qi das três preciosidades, ou seja, a semente do Campo Inferior do Elixir, o qi do Campo Central do Elixir e o espírito do Campo Superior do Elixir), no Palácio do Céu, no vértice da cabeça. O Dragão Azul vomita vapor Vermelho, e o Tigre Branco bafeja fumaça preta. A multiplicidade divina desperta, e os cem pulsos batem harmoniosamente. O Elixir e a areia se separam, e o chumbo e o mercúrio se amalgam harmoniosamente. Desse modo, o corpo ainda pode estar na Terra, no meio dos mortais, mas o espírito eleva-se ao Céu.

l) Como a natureza espiritual surge na vida - A natureza (xing) é espírito, e o qi é vida, a energia vital da matéria. A natureza manifesta-se na vida como um leve levantar de asas - como se um pássaro fosse alçado pelo vento, sem esforço - para a realização pura. Faz-se referência a isso, quando, Yin fu jing, o livro das correspondências secretas, se afirma: "O qi parece-se com o vôo do pássaro". Os buscadores da verdade devem exercitar-se nisso; mas nada devem revelar à massa inferior. A natureza e a vida são fundamentos do exercício. Deve-se almejar isso com toda a humildade e zelo.

m) O caminho para a santidade - Para se encontrar o caminho que leva à santificação, é preciso faer um esforço árduo durante muitos anos, conquistar merecimentos e dedicar-se ao exercício. Só um homem com dotes incomuns de sabedoria e experiência é capaz de enveredar pelo caminho que leva à santificação. O seu corpo pode morar num pequeno espaço, mas a sua natureza espiritual abarca todo o universo. As hostes dos santos divinos protegem-no secretamente, e ele é rodedo pelos imortais (xian) do infinito (wuji). O seu nome está no livro da vida, e ele ocupa o trono dos imortais. O seu corpo habita, durante certo tempo, o pó, porém o seu espírito brilha além da aparência.

n) A transcendência do mundo tríplice - Ao ser capaz de pôr termo aos próprios pensamentos, o homem transcende o mundo das cobiças (kumadhatu). Ao ser capaz de retirar o espírito de todas as imaginações, ele transcende o mundo das aparências (rupadhatu). Deixando de se apegar ao vazio, (sunyata), ele transcende arupadhatu, o mundo do não-formado. Após ter atravessado essas três fases, o seu espírito mora com os Imortais no Infinito, e a natureza do seu espírito atinge a esfera da pureza de jade (yu jing).

o) A nutrição do Espírito - O corpo dharma surge na esfera do não-formado (wu-xing). Ele não é não-ser nem ser. Não tem parte da frente nem de trás nem em cima nem em baixo, não é comprido nem curto. Quando o homem se serve dele, não há nenhum lugar onde ele não possa penetrar. Ele é quieto e escuro e não lança sombra. Quando se reconhece o Tao, ele se nutre. Quanto mais é nutrido, mais merecimentos adquire. Não se deve desejar voltar (para este mundo). Não se deve ter apego amoroso a este mundo. Mas o desapego e o apego realizam de acordo com suas próprias leis.

p) O abandono do mundo - Abandonar o mundo não quer dizer abandonar o corpo. Isso refere-se ao mundo espiritual. O corpo assemelha-se às raízes do lótus; o espírito, à sua flor. As raízes permanecem no lodo, mas a flor abre-se para o céu. O homem que pratica o Tao leva uma vida comum, porém a sua alma habita no Santificado. Hoje em dia, busca-se a imortalidade, renunciando ao mundo cotidiano; isso é simplista e não corresponde à verdade do Tao.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tai Shang Lao Jun Qing Jing Jing

The Tao is not a form,
Produced Heaven and Earth.

The Tao is not an egoist,
Make the sun and the moon work.

The Tao is not a name,
Generated the entire Universe.

I did not know how to name it,
I called it "Tao".

The Tao
have the purity and the turbulence,
has the movement and the tranquility.

Heaven is pure and the Earth is turbulent,
Heaven is active and Earth is calm.

The Tao circulates from the beginning to end,
Thus it originates all the ten thousand beings of the Universe.

Purity is the origin of turbulence,
movement is the foundation of the tranquility.

If I could be always pure and calm,
Heaven and Earth would come to me.

The Human spirit is always pleased with purity,
but the Hearth disturbs it.
The human Heart is always pleased with tranquility,
but desire moves it.
Desire is always overcome,
Later, the Heart naturally returns to tranquility.
The Heart is always purified,
Later, the Spirit naturally returns to purity.
Naturally the six desires become sterile.
And the three harms are eliminated.

Why this can not be done?
Because the Heart is not purified and desire is not overcome.
If the Heart can be purified and desire overcome:
To observe the interior of the Heart,
the Heart feels as if there was not anything.
To observe outside the body,
the body feels as if there was not anything.
To observe far aways towards the things,
the things feel as if there was not anything.

If the three parts can be observed,
is like observing only blankness.
To observe blankness is also blank,
because does not exists.
The blankness of blank is already nothing.
The nothingness of nothing is also nothing.
The nothingness of nothing is already nothing,
Clarity is always it state.

Clarity is as if clarity did not existed,
Desire is like setting itself to produce!
Desire no longer can produce,
that is real tranquility.
The Heart always observes the things with tranquility,
the Spirit always observes the things with purity.
If the things were always observed with tranquility and purity,
you can always be calm and pure.

Thus always calm and pure,
Little by little one enters the true Tao.
Since to enter the Tao,
it is called to realize the Tao.
Although it is called to realize the Tao,
in fact it is not to realize anything.

To educate all the living beings,
for the reason it is called to realize the Tao.
If it is possible to grasp this way,
This is how is possible to be able to understand
the sacred Tao.

The superior person dois not dispute,
the inferior person always disputes.
The superior person does not need virtue,
the inferior person needs virtue.

Why seek virtue?
Because the Tao's virtue is unknown.
Why Tao's virtue is unknown?
Because the Heart is always moved by many improper desires.
When moved by many improper desires,
the Heart disturbs the spirit.
When the spirit is disturbed,
the adheres to the improper things,
then greed and pretension takes place.
As greed and pretension takes place,
then annoyance and anguish are richened.
Improper desires, annoyance and anguish,
always pressure and bother the body and the Heart.
Then if disturbance and suffering are found,
One wanders in life and Death.
Always sunk in the abyss of misery,
Always losing the Tao.

The true and real Tao can be achieved naturally by just being aware.
If the Tao is grasped,
we can always be pure and calm.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Tao Jun

Representado à direita de Yuan Shi ou Yu Huang (Imperador de Jade), Tao Jun (O soberando do Caminho) representa a humanidade, a interacção entre Yin e Yang e o passado. É também indentificado como o Deus da Estrela Polar. Na trindade Jing, Qi e Shen, Tao Jun representa o Jing.

Tai Shang Lao Jun


Representado normalmente à esquerda de Yuan Shi ou Yu Huan, Tai Shang Lao Jun (O velho filósofo) é associado À doutrina Taoista. Representa a Terra e o futuro. Na trindade Jing, Qi e Shen, representa o Qi.

Yuan shi


Yuanshi Tianzun (元始天尊), o Venerável Celestial do Início Primordial ou o Primeiro Senhor do Céu, é um das mais altas divindades do Daoismo. É um dos três Augustos (三清; Sānqīng) e também conhecido como o Puro de Jade (: 玉清; Yùqīng), residindo no Paraíso da Pureza de Jade. Acredita-se que sua existência teve início no começo do universo, resultado da união de sopros divinos. Logo após, ele criou o Céu e a Terra.

Yuanshi foi, antigamente, o administrador supremo do Céu, porém, mais tarde, confiou a tarefa a seu assistente Yu Huang, o Imperador de Jade. Yu Huang tomou posse das obrigações administrativas, tornando-se o superintendente tanto do Céu quanto da Terra. No início de cada era, Yuanshi Tianzun transporta o Lingpao Jing (ou "Yuanshi Jing"), as Escrituras da Jóia Mágica, até seus estudantes, as quais são deuses menores e que, por sua vez, guiam a humanidade no ensino do Dao.
Diz-se que Yuanshi Tianzun não possui um início e é considerado o maior de todos os seres. Ele é, na verdade, uma representação do princípio de todos os seres, pois tudo emana a partir dele. Ele é eterno, ilimitado e amorfo.

No Fengshen Yanyi, Yuanshi Tian-zun é descrito como um homem superior, o qual fez prevalecer sua vontade por gerações. Ele seria conhecido como o mestre do monte Kunlun, onde tinha muitos discípulos - sendo um deles Jiang Ziva. Com o tempo, Yuan-shi Tian-zun diria a Jiang que estaria na hora de descer ao mundo, a fim de se atingir um nível de riqueza e honra. Como Jiang Ziya estava destinado a dar apoio na criação da nova dinastia Zhou - como Nezha - Yuan-shi Tian-zun permaneceria fiel aos desígnios do céu vai, enviando Jiang a seu novo destino. Após ter dito tudo a Jiang de forma poética, Yuan-shi Tian-zun despede-se de seu aluno.