terça-feira, 21 de outubro de 2014

Respiração abdominal

A respiração abdominal é uma das práticas mais importantes no Daoismo.

A respiração é fundamental para a vida, pois é ela que garante a vida, através da oxigenação mas também da desintoxicação do organismo. O Pulmão capta o Oxigénio e a humidade do ar e elimina Dióxido de carbono e humidade, juntamente com outras substâncias toxicas do organismo.

Melhorar o rendimento respiratório, potencia todas estas funções do Pulmão.

Mas do ponto de vista Daoista, a respiração faz muito mais...

A respiração regula também a circulação de Qi no organismo. Controla os níveis de energia nos meridianos e a forma como esta se move.

Na Medicina tradicional Chinesa diz-se "o Qi move-se a mão travessa por cada movimento respiratório". Quer isto dizer que cada movimento respiratório impulsiona o Qi. É dito também que a inspiração faz afundar o Qi, e a expiração traz o Qi à superfície.

Com isto ficamos a saber:
  • Inspiração e expiração promovem a circulação de Qi
  • Inspiração traz o Qi para dentro
  • Expiração leva o Qi para fora
  • Inspiração e expiração em equilíbrio promovem uma circulação continua
  • Inspiração e expiração em ritmos diferentes promovem uma circulação em ritmos diferentes
Por isso uma das práticas mais elementares é a de regular a inspiração e expiração para que a circulação de Qi seja equilibrada, embora existam diferentes métodos com propósitos específicos.

Mas a respiração é muito mais do que isso!!!

Na Medicina Tradicional Chinesa diz também que "a mente conduz o Qi". Por outras palavras a concentração permite conduzir o Qi para locais pretendidos.
Por exemplo, quando temos uma dor muito forte, é natural que a nossa atenção (concentração) esteja no local da dor. É um mecanismo natural de autocura do organismo pois conduzindo o Qi para esse local a recuperação é mais rápida. Mas nem sempre a nossa mente nos ajuda, por vezes é a atenção permanente numa região do corpo ou numa preocupação que nos mantém desequilibrados (exemplo: quando estamos demasiado receosos, o receio não desaparece por si só, às vezes agrava-se).

Por isso, no Daoismo a respiração é consciente. A respiração é feita com a atenção da mente, para conduzir o Qi de forma propositada para as regiões que mais pretendemos.

No baixo ventre (Dan Tian), encontra-se a grande bateria bioelétrica do corpo. A região que armazena a energia Yuan-Jing (energia proveniente do céu anterior). É por essa razão que a prática respiratória mais comum é precisamente a respiração abdominal. Se por um lado conseguimos ter um maior aproveitamento do Pulmão com esta respiração, por outro estamos a estimular o Dan Tian, mobilizando esta energia fundamental para todo o corpo. Existem muitas outras razões para a prática desta respiração que não irei abordar nesta publicação.

Quando pomos a mente a trabalhar em conjunto com a respiração abdominal, ativamos esta energia e mobilizamo-la por todo o corpo a um ritmo controlado através do ritmo respiratório.

 
O corpo começa a receber maior quantidade de Yuan Qi e Jing Qi, o que tem como consequência um aumento da capacidade regeneradora do organismo, mas sobretudo um maior equilíbrio energético nos três diferentes níveis, Shen (energia espiritual), Qi (energia propriamente dita) e Jing (energia sexual). Progressivamente o praticante harmoniza estas três energias.
Os resultados práticos desta harmonização tendem a ser os seguintes:
  • Aumento da resistência física
  • Diminuição da ansiedade
  • Aumento da resistência ao stress
  • Melhoria do sono
  • Regulação do sistema cardiovascular e do aparelho digestivo
  • Aumento dos níveis de concentração
  • Melhor rendimento intelectual
  • Aumento da criatividade
  • Maior sensação de bem estar
  • Maior felicidade

A respiração abdominal é por isso essencial nas práticas Daoistas e embora o seja, é muitas das vezes ignorada. Deve portanto ser alvo de estudo intensivo, por ser uma técnica que produz efeitos importantes e contínuos no decorrer da nossa vida.

Sem uma respiração apropriada nunca conseguiremos atingir um estado de autodesenvolvimento muito elevado, por não conseguirmos mobilizar e equilibrar as energias vitais do nosso organismo.