sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Natureza vs evolução

Ao longo destes últimos 13 anos, tenho promovido uma transformação interna progressiva. Tenho passado por diversas alterações, desde físicas como mentais.
Quando olho para trás vejo alguém completamente diferente. Diferente nos aspectos físicos aparentes, como não poderia deixar de ser, mas surpreendentemente melhor no que diz respeito a muitos aspectos físicos efectivos. Refiro o aspecto físico pois este não pode ser desvalorizado. É fundamental preservarmos o corpo físico se quisermos ter uma caminhada mais tranquila e capaz. Caso contrário o caminho que buscamos torna-se mais difícil e, quem sabe, até mesmo impossível.

Mas as transformações que mais consigo observar são as mentais. É certo que em 13 anos a maturidade desempenha um grande papel no que somos hoje, e é certo que a maturidade que adquiri naturalmente me transformou. Mas as transformações mentais que sofri foram, em alguns casos, de 360º. É impressionante como é possível isto acontecer, como uma pessoa e capaz de se transformar assim tanto. Se me perguntassem há 13 anos se me imaginava como sou hoje diria claramente que não, que seria impossível.

Com isto não estou a fazer qualquer juízo de valor em relação à minha pessoa, quero apenas partilhar o que penso e provar, se é que sou capaz disso, que qualquer um pode mudar, melhorando ou piorando, em função daquilo que pretende e do que procura.

Sinto que ao entrar em contacto com a filosofia Daoista, a Medicina Chinesa e, mais tarde, a Religião Daoista, a minha mente abriu, a minha consciência expandiu e com isso muita coisa mudou. Desde logo alguma serenidade que não habitava em mim, mas também a capacidade de saber esperar, de tolerar, de ouvir, de abdicar dos louros, de ser capaz de conviver com o erro dos outros e sobretudo o meu, etc. Sou uma pessoa muito diferente hoje e, em meu entender, melhor. Sinto-me muito melhor enquanto ser humano, mais capaz. E isso deve-se sobretudo aos ensinamentos Daoistas, seja através da filosofia, cultura ou religião...

Mas o que me trás aqui hoje é algo de diferente... Há alguns meses que trago esta reflexão a vagear entre o consciente e o subconsciente, a nossa natureza. Serão estas transformações, verdadeiras transformações? Será que estas mudanças que ocorrem no nosso ser são permanentes?

Muitas são as perguntas que me coloco. Ao longo destes anos de trabalho interno tenho verificado em mim diversas situações. Apesar de ter tido um percurso mais ou menos estável e coerente, tive avanços e recuos... Quero com isto dizer que assumi algumas transformações que duraram meses ou alguns anos, mas que mais tarde deixaram de existir! regressei (em aspectos particulares) à minha natureza... Hoje, sinto que internamente algumas características antigas (naturais em mim) recomeçam a acordar e isso leva-me a pensar se é realmente possível mudar definitivamente.

ATENÇÃO - Não quero dizer não vale a pena, mesmo concluindo que as mudanças não ocorrem de forma definitiva, pois acho que tudo o que achamos ser para melhor vale sempre a pena!!!

O que quero tentar entender, e por isso estou também a partilhar, é entender se realmente a nossa natureza é intocável ou não. Se apesar de nos podermos moldar e aparentemente transformar, se ela permanece sempre em nós, mesmo que em standby.

A mim, após estes meros 13 anos, está a parecer-me que sim. Há mudanças comportamentais ao nível do trabalho interno que se enraizaram e que obrigam o meu ser a caminhar no sentido espiritual, e nesse sentido é difícil a minha natureza manifestar-se a 100%. Mas sinto que se perder um pouco de disciplina de trabalho, se abandonar alguns hábitos e rotinas, a minha natureza volta a tomar conta de mim...

Isto parece ser um jogo de duas personalidades, uma que sempre existiu e outra que estamos a construir à nossa medida. A primeira não é forçosamente má, mas não é aquela que queremos para nós. Já a segunda é aquela com a qual  nos identificamos e que por isso promovemos.
Ou também uma batalha saudável entre o espírito (que em todos nós se manifesta e que tende sempre para o Uno) e o físico (no qual o Ego se manifesta).

Em suma, creio ter que trabalhar eternamente determinados aspectos para manter um determinado estado. Terei mesmo de intensificar alguns comportamentos para que possa crescer enquanto ser espiritual.

Entendo mais agora os velhos mestres que assumem uma vida rígida no que a eles diz respeito, pois só assim é possível caminhar para uma verdadeira evolução. A "carne" tende para o sedentarismo, satisfação e anarquia. Se nos deixarmos guiar por ela a vida torna-se, a longo prazo, um desnorte. Por isso também, há já alguns anos a esta parte, decidi escolher o caminho espiritual. Por acreditar que é na unificação que se encontra o verdadeiro bem-estar e a quietude para se ser feliz e sentir realizado