domingo, 24 de setembro de 2017

Qi 气, refletindo sobre o caracter...



Qi é geralmente traduzido como "energia", um conceito que, no ocidente, não representa exactamente a real ideia de Qi. 


Durante os mais de 4000 anos de história, os caracteres foram evoluindo, geralmente tendo como ponto de partida os pictogramas

este é dos primeiros caracteres conhecidos sobre Qi. Estes 3 traços que se mantêm ainda hoje relevam grande parte da importância do significado de Qi, vapor

Na dinastia Zhou (1046-256 a.c) era outro o caracter de Qi
neste caracter é evidente a marca presente do caracter moderno com o acrécimo de outro, Huo - fogo. Podemos denotar a ênfase no movimento e no calor

Mais tarde, na dinastia Han (206 a.c. - 220 b.c) outro caracter emergiu. Um completamente diferente e mais adoptado pelos Daoistas que têm um conceito mais interno e alquímico de Qi.

este caracter é muito interessante para os daoistas. É composto por duas partes; Wu - não existência e huo - fogo que neste caso está relacionado à emoção. 

Este caracter diz que Qi é a não emoção ou a ausência de emoção. Para compreender um pouco é necessário entender um pouco de daoismo. No daoismo procuramos a integridade com a natureza, a harmonia perfeita, existem diversas correntes e várias formas de a atingir. Mas em geral, todas as correntes praticam a via da quietude. A quietude assenta na tranquilidade suprema através da sublimação das emoções. Os daoistas acreditam que é neste estado de quietude que o dao pode habitar em nós e por isso a imortalidade deixa de ser um sonho ou uma utopia. A saúde atinge níveis elevados e a longevidade aumenta. A energia abunda e gera-se espontâneamente. A quietude é como o vazio, o vácuo que suga a energia ancestral. É seguramente um caracter que suscitará a muitos praticantes vários anos de meditação...

este caracter surge mais tarde, mantendo os 3 traços do símbolo correspondente ao vapor, assemelha-se também a um trigrama, o trigrama Li (fogo) que pertence ao Bagua


Na dinastia Song (960-1127 d.c) eram usados outros dois caracteres, já mais semelhantes ao actualmente utilizado

                                                    
estes caracteres são iguais embora escritos de forma ligeiramente diferente. podem ser divididos em duas partes; a superior - vapor e a interna - arroz.

Aqui há algo novo. Surge a valorização da nutrição no conceito de Qi. Alguns associam o vapor ao produzido no cozimento do arroz, outros valorizam o movimento característico do vapor e do seu calor. No entanto há que reter o aspecto nutritivo que Qi tem, simbolizado pelo arroz, alimento de base na China.

Actualmente o caracter de Qi tem por por base o simbolo que foi, de resto, acompanhando quase sempre a evolução do caracter.


Este caracter pode então traduzir-se como vapor, ar, gás ou até mesmo irritação. Significado amplo que pode ainda aumentar dependendo do seu contexto. 

Espero poder ter contribuido para o esclarecimento no entendimento dos caracteres e deste em particular. 

Um caracter nunca é uma ideia concreta, uma imagem particular ou um palavra! Um caracter induz sempre à reflexão sem que nunca tenhamos a arrogância de ignorar o seu contexto histórico e cultural


este post tem por base a consulta do site http://www.buqiinstitute.com/qi-chi-ki-part-1/


Trabalhando o Qi

Muito é aquilo que podemos dizer sobre o conceito de Qi, energia ou sopro (como muitos traduzem).
Não é minha intenção tentar descrever este conceito, até porque já o fiz numa publicação anterior ( artigo sobre Qi )

Quero antes falar do que tem representado para mim, do ponto de vista prático, real...

Há largos meses que tenho "brincado" como o Qi, principalmente a nível superficial. Tenho experienciado a sua capacidade na cura e no rápido estabelecimento de bem-estar. É fantástico como em poucos segundos conseguimos corrigir aquilo que por vezes está desequilibrado há meses...

Podia inumerar diversos casos em que verifiquei isso, mas também não essa a minha intenção. Quero apenas partilhar a minha experiência e dizer, SE EU CONSIGO TODOS CONSEGUIMOS!!!

Na realidade é uma capacidade intrínseca. Pois todos possuímos Qi, apenas não aprendemos a usufruir das suas capacidades. E ainda por cima não há esforço. Toda a experiência que tenho tido assenta no relaxamento profundo aliado a atenção ou consciência.

Recentemente tenho tentado aprofundar esse trabalho em áreas do corpo onde me é mais difícil obter consciência. Pois na realidade o que estou a fazer é guiar o Qi para as áreas onde acredito que ele é mais necessário no momento.

E com este trabalho elementar já tenho conseguido muita coisa. Acredito cada vez mais que aquilo que nos parece ser inalcançável no processo alquímico é na realidade tão simples que nos escapa do olhar...

O que hoje faço, poderia fazê-lo desde sempre... Apenas foi preciso ganhar consciência sobre isso, nada mais.

Acredito também que o desenvolvimento energético assenta em bases semelhantes. Trabalho esse que ainda não comecei de forma profunda.

Queria apenas, com esta publicação, partilhar a importância da mente e da respiração no processo energético.

A respiração comanda o Qi
A mente direciona-o

Estes têm sido os princípios fundamentais nestas experiências...

Iluminação, porque aquele que vive no escuro procura a luz

O caminho de um Daoista é o caminho da iluminação.



"Iluminação, porque aquele que vive no escuro procura a luz;
o não puro (pecado) procura a purificação..."

É interessante observar que entre oriente e ocidente são utilizados termos diferentes, com um objectivo comum. Refiro isto para tentar descontruir algum preconceito que existe com o que nos é muito familiar (a galinha da vizinha é melhor do que a minha), quando na realidade, a maioria das religiões e formas de pensamento têm o mesmo propósito e o mais nobre, a busca pelo Ser Humano.

É meu entender que este é a maior obra que o Ser Humano pode alguma vez almejar, e por isso a religião é tão importante, assim como a filosofia. Estas perpetuam o conhecimento ao qual o Homem pode aceder para se conhecer e crescer, e com isso levar a Humanidade a vôos bem mais altos dos que os de hoje.

Diferentes formas de pensamento possuem diferentes qualidades, afinações diferentes, focus diferentes...

Um Daoista procura o Uno com o Universo, mas como? Queremos primeiro que tudo sermos um só no nosso corpo.

Quero com isto dizer que não quero ser pensamento, braço e perna,
barriga e desejo,
insónia e pedra no sapato
Inveja e frustração
Medo e ambição
enfim...

Dispersão


Geralmente somos, no dia a dia, muitas coisas em simultâneo e nada em concreto.

Como Daoistas queremos estar presentes, atentos e concentrados, queremos ser um só!

Queremos conter a mente na respiração e envolver o corpo nesta. Queremos oferecer este presente ao Universo, que ele nos envolva na sua respiração cósmica e que nos regue com a sua sabedoria.

É em parte este a ideia de Iluminação. Entender que o corpo se sublima ao organizar a energia toda e direccioná-la para o mesmo propósito, em vez de dispersa-la levando ao caos. 

Por isso a prática meditativa, não apenas no vazio (buscando a quietude assim como a arte da não-acção) mas também do entendimento do Ser, são fundamentais na alquímia ou no caminho para a iluminação. 

A perseverança é uma qualidade fundamental nesta caminhada. Serão muitos os momentos de frustração, de incapacidade ou desilusão. Mas é também nesses momentos que, quem continua e não desiste, cresce e se engrandece perante o aparente obstáculo que nada mais é do que uma resistência interna. Um muro feito de ilusão que se desfaz no instante em que esta é consciencializada.

A quietude é uma qualidade que se vai conquistando neste caminho e também fundamental para enfrentar este grande desafio, com a tranquilidade necessária de quem sabe o que vai enfrentar. O espanto, a excitação e a desilusão são a bengala do ignorante. Mas aquele que percorre o caminho interno, aceitou a direcção da consciência e logo adquire a tranquilidade que o sábio reconhece como fundamental para enfrentar os desafios que a vida tem para oferecer.

Amor. Num desafio em que nos vamos enfrentar com os maiores inimigos internos que alguma vez conhecemos, será fundamental termos amor por aquilo que Somos, pois a nossa génese é o Universo. Vamos aprender a amar tudo o que somos, pois a cada passo estamos mais próximos de entender a nossa origem...

Enquanto Daoista não sonho, apenas tento viver o presente.

Não imagino o mundo perfeito, aproveito toda a oportunidade para sublimar o que sou.