Estou convencido que a parcialidade nasce com o nosso ego, e
é impossível dissociarmo-la dele. É mais uma das facetas do ego. Apenas
reconhecendo-o e diluindo-o, num plano profundo em que não existe diferenciação,
poderemos ultrapassar esta feia característica do ser humano.
Creio que a parcialidade perverte o que de melhor tem o ser
humano. Esta sobrevive à custa do medo e da vergonha (embora a parcialidade não
se possa equiparar à mentira, ela leva-nos para um estado de isolamento com o
exterior pois acaba por criar um mundo que apenas nós reconhecemos), corrói a
moral e os nossos princípios.
Acredito que apenas vivendo de acordo com princípios morais
fortes, podemos viver toda uma vida livre dos fantasmas da depressão,
infelicidade ou ansiedade. Apenas assim podemos viver tranquilos o suficiente
para disfrutar da vida.
Até certo ponto a parcialidade vai-nos protegendo do que nos
é desagradável, desvirtuando o que nos é óbvio.
O problema é que à medida em que a vida avança, a confusão instala-se o
processo passa a ser inconsciente, incontrolável. Mais tarde nós próprios já
não conseguimos definir o que é “real” do que o que não é. Tornámo-nos tão
“únicos” no que diz à percepção da realidade que a interacção é-nos difícil…
Para romper com a parcialidade temos de atacar o ego. Temos
de combater o medo e deixarmo-nos invadir pela humildade.
Aceitar as nossas debilidades,
aceitar a nossa ignorância e ter fé nas nossas crenças.
Desta forma poderemos cortar com este comportamento, que nos
separa da nossa essência unificadora. Sendo frontais e honestos, sobretudo
connosco mesmos, caminhamos a vida por trilhos parciais, onde a verdade abunda
e o crescimento floresce. É-nos desta forma possível, reconhecer as nossas
competências e imcompetências. Torna-se simples, ou alcançável, o
amadurecimento humano. Alcançar o horizonte deixa de ser utópico, pois no
caminho certo, sendo este longo ou curto, há sempre a possibilidade de lá
chegar.
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