sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Como desenvolver o Qi

Primeiro é necessário entender a ideia de Qi. Esse assunto já foi debatido num artigo previamente publicado                                  Reflexão sobre o caractér Qi


Em alquimia temos todos a tendência em pensar como desenvolver. São raras as vezes em que o indivíduo se centra o suficiente para entender que, em primeiro lugar, temos de preservar. Apenas depois, se necessário, cultivar e desenvolver.

Todos nós temos Qi, todos nós produzimos Qi, mas também todos nós gastamos Qi.

A arte está em gerir o Qi. Então, na prática alquimica pretendemos não desperdiçar e cultivar sempre que possível. O objectivo é não apenas, não degradar o Qi existente, como aumentá-lo para que o nosso corpo atinja outras capacidades.


A arte de bem preservar - O que é que afecta o Qi? A privação de sono, o stress, os picos emocionais, a flacidez e sedentarismo, o excesso de actividade sexual, a dieta desequilibrada e o excesso de actividade física.
Como vêem, são múltiplos os factores que afectam o Qi.
Para não adensar o artigo, vou resumir tudo em três partes do corpo que afectam o Qi:
  • Físico - A actividade física é fundamental para activar o Qi e a sua circulação, mas deve ser feita sempre de acordo com a resistência de cada um, pois se a ultrapassarmos lesionamos o Qi. A alimentação afecta muito todo o aspecto físico (mas não só) e é algo de fundamental a regular para manter o Qi saudável.
  • Emocional - As emoções são parte integrante do nosso ser, e por isso naturais. Devemos contudo entender que os excessos emocionais (tristeza, alegria ou raiva) afectam brutalmente o Qi, seja no seu movimento ou na sua quantidade. É por isso fundamental, na prática alquímica atingir um estado de serenidade, permitindo que o Qi estabilize e circule de forma regular
  • Mental/Espiritual - A mente é indisciplinada por natureza, está sempre em funcionamento. É uma das consumidoras de Qi. Afecta não só a quantidade como a direcção. Um dos grandes objectivos da meditação é equilibrar a mente, aumentando o foco; desta forma estabilidamos o Qi e podemos então direccioná-lo.
Em resumo, para preservar o Qi é necessário ter um corpo saudável, uma mente calma e focada. Desta forma podemos usufruir das capacidades do nosso corpo.

O mistério do cultivo do Qi - Na realidade já todos cultivamos Qi, possivelmente sem ter essa noção mas sim, já o cultivamos. A alimentação é uma grande fonte de Qi (quando apropriada), assim como a respiração (principalmente quando usadas as técnicas de respiração muito praticadas no oriente). Mas, geralmente, quando falamos em cultivar Qi pensamos em algo mais. 
Na minha perspectiva (o que valorizo mais) o cultivo de Qi que procuramos pode também reflectir-se, de forma resumida, nas mesmas 3 partes:
  • Físico - Aumenta a resistência e nutrição dos tecidos. Controla toda a inflamação e degradação dos mesmos.
  • Emocional - Com a prática de cultivo energético as emoções tendem a "colar-se" umas às outras, transformando-se (alquimia). No início, há um aumento de resistência ao stress, mas mais tarde aparece o estado de quietude. Este estado é mais estável e provoca uma sensação de leveza e bem estar que as emoções não conseguem.
  • Mental/espiritual - Com o cultivo do Qi a mente serena e ganha concentração. Se pensarmos que cada pensamento é uma bola de energia e que o cérebro tem acesso a uma determinada quantidade, vejam a diferença que é para o cérebro utilizar essa mesma quantidade para dezenas de pensamentos ou, em vez disso, apenas UM! O que acontece com o aumento do foco é desenvolvermos a capacidade de concentrar a energia toda num único pensamento, tornando-o muito mais eficaz e forte. Com  o tempo e prática, a percepção corporal aumenta, a consciência sobre nós mesmos também.
Mas como cultivar o Qi? - Mais uma vez vou dividir este trabalho em 3 partes, para que as ligações sejam mais fáceis de entender.
  • Físico - O simples exercício físico é bom para o Qi. Mas neste patamar é fundamental duas coisas
    • Respiração - Praticar uma respiração serena e profunda e, sobretudo, coordenada com o movimento, permite ao corpo levar o Qi às àreas necessárias desenvolvendo-as. Uma respiração profunda e serena leva a um aumento de captação de Oxigénio, umas das grandes fontes de Qi
    • Alimentação - Existem diversas teorias. Nas correntes religiosas pratica-se geralmente o vegetarianismo, mas na alquimia original, não existe a preocupação com o consumo animal. Neste último caso defende-se abertamente o consumo determinados alimentos para aumentar o nível de Qi
  • Emocional - Neste padrão o mais importante é regularizar e fundir as emoções. Pois elas estão na base de grande parte das perdas do Qi. Ao atingir o estado de quietude, o plexo cardíaco fica livre para bem desempenhar as suas funções. Uma delas é promover a distribuição do Qi pelo corpo ("o Qi impulsiona o sangue e o sangue transporta o Qi" "o coração impulsiona a circulação do sangue o Qi activa o coração"). Deste modo garantimos que do o Qi existente e produzido possa chegar a todo o lado.
  • Mente/espirito - Com a prática do foco, a consciencialização o Qi passa a obedecer de forma assertiva ao que a mente quer ("O espírito direcciona o Qi").
Tanta coisa, tão complicado... Na verdade não, existem práticas que simplificam. Unificam tudo num só, permitindo ao praticante de evoluir de forma coerente no seu caminho autoproposto. Técnicas como o Qi gong, Tai ji, yoga, oração ou até mesmo a meditação de forma isolada, são utilizadas para o processo alquímico.

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