Numa vida recheada de estímulos, desafios e de objectivos que nos consomem, algo não deve nunca desaparecer do nosso horizonte... a nossa casa.
Somos diariamente desafiados a sair, a explorar. Torna-se portanto um hábito, torna-se a nossa vida. Rápido nos habituamos a viver fora de casa e aí nos sentimos bem. Sentimo-nos vivos!
Queremos continuar nessa viagem ao desconhecido, queremos viajar, conhecer experienciar...
Mas durante essa caminhada, vivência a nossa casa afasta-se de nós. A nossa casa é a nossa raíz, a nossa origem, o que na realidade somos! E um dia quando já não quisermos conhecer mais, podemos já não ver a casa. Podemos já não conhecer o caminho de volta e pior; podemos-nos mesmo esquecer que algum dia tivemos casa!!!
O processo de esclarecimento é individual, ninguém poderá dizer qual o melhor caminho para alguém, pois na realidade ninguém o conhece. Apenas sabemos, que com serenidade podemos escutar o eco do misterioso que nos conduz ao nosso destino. Esse sim é o caminho correcto, caminho esse que apenas pode ser descoberto por nós.
O que pretendo, é alertar para a dispersão destrutiva. A dispersão é um movimento natural da vida. Os fluxos de movimento aparentemente opostos, são aqueles que geram, criam.
Portanto para que o completo se manifeste é necessária a concentração, mas também a dispersão. Dois movimentos interdependentes! Logo não podemos vivenciar apenas uma das duas coisas, precisamos de ambas para nos completar.
Mas o risco, quer num quer noutro, é o do esquecimento. Especialmente na dispersão pois é aquela que nos tenta diariamente. O esquecimento acontece, pois no estímulo exterior constante faz esquecer aquilo que raramente vivenciamos...
Um dia mais tarde, pode ser tarde demais... Um vazio surge na natureza do incompleto, o ser fica doente e a tristeza surge...
Devemos SEMPRE manter cuidado o caminho da nossa casa, podemos sair mas temos SEMPRE de regressar. Yin e yang devem sempre manifestar-se, apenas assim se nutrem e mantêm.
Ao sair Vemos, mas é em casa que que Vivemos!
A cada inspiração o espírito pede para entrar, enquanto que em toda a expiração ele se liberta... Em TODO o pensamento o espirito dispersa e enfraquece, mas sempre que há quietude no coração ele rapidamente regressa.
É fundamental entender que o esclarecimento não ocorre na dispersão como também não surge na concentração. O esclarecimento brota de um coração sereno que, atento e sem ambição, aguarda pelo tempo certo.
O ego tenta procurar fora o que apenas existe dentro. Mas como ele se sustenta nos sentidos, apenas percebe o que acontece no exterior, o que é ilusório. Então nunca poderemos obter o esclarecimento se nos deixarmos levar por ele, apenas nos conduz ao engano e à desilusão.
É por isso necessário serenar o espirito pois é aí que podemos despertar o Sentido interno da percepção. Esta é superior à mente e não obedece ao ego.
A percepção dá-nos o estado real no nosso espírito.
A fé ajuda-nos a serenar o coração e a continuar este caminho interno alquímico.
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