domingo, 1 de novembro de 2015

Longevidade

"Não leves o corpo à exaustão , não tragas preocupação e letargia à tua mente, não deixes que a ansiedade incomode a mente. Pensa menos para produzir Shen, menos luxúria para aumentar o Jing, e fala menos para cultivar o Qi"

Lao Zi

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Os 5 alimentos proibidos

Alho
cebolinho
cebolinha chinesa
coentros
colza

São todos alimentos cheirosos e picantes. Comer estes alimentos gera confusão no espírito, perturba o Qi, leva a mais pensamentos, e por isso reduz a vida de uma pessoa.


Este conhecimento foi transmitido pelo imortal contemporâneo Li Qing Yun, através do livro "The immortal Thrue account of the 250-year-old Man, Li Qing Yun. Publicado por Yang Sen e traduzido para inglês por Stuart Alve Johnson

sábado, 10 de outubro de 2015

Parcialidade, procurando a sua raíz

A parcialidade manifesta-se quando diferenciamos uma acção e, circunstâncias idênticas. Quando há coisas que são boas, quando são para os outros, mas quando é para nós, a história é outra.. Quando por exemplo um médico receita algo ao seu paciente, mas quando ele tem a mesma doença, decide não tomar nada. Quando nós dizemos a um conhecido que deve ter uma determinada atitude em relação a algo, mas se nos suceder a mesma coisa a nossa atitude será diferente… Creio que, em última análise, a parcialidade combate a moral…

 

Estou convencido que a parcialidade nasce com o nosso ego, e é impossível dissociarmo-la dele. É mais uma das facetas do ego. Apenas reconhecendo-o e diluindo-o, num plano profundo em que não existe diferenciação, poderemos ultrapassar esta feia característica do ser humano.

 

Creio que a parcialidade perverte o que de melhor tem o ser humano. Esta sobrevive à custa do medo e da vergonha (embora a parcialidade não se possa equiparar à mentira, ela leva-nos para um estado de isolamento com o exterior pois acaba por criar um mundo que apenas nós reconhecemos), corrói a moral e os nossos princípios.

 

Acredito que apenas vivendo de acordo com princípios morais fortes, podemos viver toda uma vida livre dos fantasmas da depressão, infelicidade ou ansiedade. Apenas assim podemos viver tranquilos o suficiente para disfrutar da vida.

 

Até certo ponto a parcialidade vai-nos protegendo do que nos é desagradável, desvirtuando o que nos é óbvio.  O problema é que à medida em que a vida avança, a confusão instala-se o processo passa a ser inconsciente, incontrolável. Mais tarde nós próprios já não conseguimos definir o que é “real” do que o que não é. Tornámo-nos tão “únicos” no que diz à percepção da realidade que a interacção é-nos difícil…

 

Para romper com a parcialidade temos de atacar o ego. Temos de combater o medo e deixarmo-nos invadir pela humildade.

Aceitar as nossas debilidades,

aceitar a nossa ignorância e ter fé nas nossas crenças.

 

Desta forma poderemos cortar com este comportamento, que nos separa da nossa essência unificadora. Sendo frontais e honestos, sobretudo connosco mesmos, caminhamos a vida por trilhos parciais, onde a verdade abunda e o crescimento floresce. É-nos desta forma possível, reconhecer as nossas competências e imcompetências. Torna-se simples, ou alcançável, o amadurecimento humano. Alcançar o horizonte deixa de ser utópico, pois no caminho certo, sendo este longo ou curto, há sempre a possibilidade de lá chegar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Natureza vs evolução

Ao longo destes últimos 13 anos, tenho promovido uma transformação interna progressiva. Tenho passado por diversas alterações, desde físicas como mentais.
Quando olho para trás vejo alguém completamente diferente. Diferente nos aspectos físicos aparentes, como não poderia deixar de ser, mas surpreendentemente melhor no que diz respeito a muitos aspectos físicos efectivos. Refiro o aspecto físico pois este não pode ser desvalorizado. É fundamental preservarmos o corpo físico se quisermos ter uma caminhada mais tranquila e capaz. Caso contrário o caminho que buscamos torna-se mais difícil e, quem sabe, até mesmo impossível.

Mas as transformações que mais consigo observar são as mentais. É certo que em 13 anos a maturidade desempenha um grande papel no que somos hoje, e é certo que a maturidade que adquiri naturalmente me transformou. Mas as transformações mentais que sofri foram, em alguns casos, de 360º. É impressionante como é possível isto acontecer, como uma pessoa e capaz de se transformar assim tanto. Se me perguntassem há 13 anos se me imaginava como sou hoje diria claramente que não, que seria impossível.

Com isto não estou a fazer qualquer juízo de valor em relação à minha pessoa, quero apenas partilhar o que penso e provar, se é que sou capaz disso, que qualquer um pode mudar, melhorando ou piorando, em função daquilo que pretende e do que procura.

Sinto que ao entrar em contacto com a filosofia Daoista, a Medicina Chinesa e, mais tarde, a Religião Daoista, a minha mente abriu, a minha consciência expandiu e com isso muita coisa mudou. Desde logo alguma serenidade que não habitava em mim, mas também a capacidade de saber esperar, de tolerar, de ouvir, de abdicar dos louros, de ser capaz de conviver com o erro dos outros e sobretudo o meu, etc. Sou uma pessoa muito diferente hoje e, em meu entender, melhor. Sinto-me muito melhor enquanto ser humano, mais capaz. E isso deve-se sobretudo aos ensinamentos Daoistas, seja através da filosofia, cultura ou religião...

Mas o que me trás aqui hoje é algo de diferente... Há alguns meses que trago esta reflexão a vagear entre o consciente e o subconsciente, a nossa natureza. Serão estas transformações, verdadeiras transformações? Será que estas mudanças que ocorrem no nosso ser são permanentes?

Muitas são as perguntas que me coloco. Ao longo destes anos de trabalho interno tenho verificado em mim diversas situações. Apesar de ter tido um percurso mais ou menos estável e coerente, tive avanços e recuos... Quero com isto dizer que assumi algumas transformações que duraram meses ou alguns anos, mas que mais tarde deixaram de existir! regressei (em aspectos particulares) à minha natureza... Hoje, sinto que internamente algumas características antigas (naturais em mim) recomeçam a acordar e isso leva-me a pensar se é realmente possível mudar definitivamente.

ATENÇÃO - Não quero dizer não vale a pena, mesmo concluindo que as mudanças não ocorrem de forma definitiva, pois acho que tudo o que achamos ser para melhor vale sempre a pena!!!

O que quero tentar entender, e por isso estou também a partilhar, é entender se realmente a nossa natureza é intocável ou não. Se apesar de nos podermos moldar e aparentemente transformar, se ela permanece sempre em nós, mesmo que em standby.

A mim, após estes meros 13 anos, está a parecer-me que sim. Há mudanças comportamentais ao nível do trabalho interno que se enraizaram e que obrigam o meu ser a caminhar no sentido espiritual, e nesse sentido é difícil a minha natureza manifestar-se a 100%. Mas sinto que se perder um pouco de disciplina de trabalho, se abandonar alguns hábitos e rotinas, a minha natureza volta a tomar conta de mim...

Isto parece ser um jogo de duas personalidades, uma que sempre existiu e outra que estamos a construir à nossa medida. A primeira não é forçosamente má, mas não é aquela que queremos para nós. Já a segunda é aquela com a qual  nos identificamos e que por isso promovemos.
Ou também uma batalha saudável entre o espírito (que em todos nós se manifesta e que tende sempre para o Uno) e o físico (no qual o Ego se manifesta).

Em suma, creio ter que trabalhar eternamente determinados aspectos para manter um determinado estado. Terei mesmo de intensificar alguns comportamentos para que possa crescer enquanto ser espiritual.

Entendo mais agora os velhos mestres que assumem uma vida rígida no que a eles diz respeito, pois só assim é possível caminhar para uma verdadeira evolução. A "carne" tende para o sedentarismo, satisfação e anarquia. Se nos deixarmos guiar por ela a vida torna-se, a longo prazo, um desnorte. Por isso também, há já alguns anos a esta parte, decidi escolher o caminho espiritual. Por acreditar que é na unificação que se encontra o verdadeiro bem-estar e a quietude para se ser feliz e sentir realizado

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Transformação

Todos nós mudamos de algum modo. A partir do momento em que entramos neste mundo, saindo do outro, a mudança é a regra.
Nada, jamais ficará como anteriormente. Muitos dos nossos problemas prendem-se com isso, pela ilusão que temos de voltar a algo... A nossa memória visual, emocional, etc engana-nos e leva-nos a pensar que o que já experienciamos de bom pode voltar a acontecer... ILUSÃO

As experiências que vivemos são únicas, regra básica para a transformação, podemos viver experiências semelhantes, mas nunca iguais.

Dito isto, parto para o tema que "decidi" explorar, a transformação é agora de permanente. Neste preciso momento em que escrevo, deixo de ser quem sou a todo o instante para passar a ser alguém que não conheço na integra... Regra da mudança, a novidade.

É também a novidade, o desconhecido que leva muitos de nós a ter medo do que "aí vem" e por isso escolhem, pensam alguns" ficar iguais...

Ora se a transformação é algo que não poderemos, nunca, contrariar, devemo-nos aliar a ela para ganharmos algo de bom com isso. Na realidade a transformação é também, em certa medida, um reinício, uma nova oportunidade para fazermos o que ainda não foi feito.

Considero que existem pelo menos três tipos de transformação:
  • Transformação insconsciente - Todos aqueles que não se apercebem deste acontecimento universal, vivem mudando todos os dias. Não têm qualquer papel activo na sua transformação e por isso não assumem nenhum caminho particular. Estão entregues à sorte...
  • Transformação consciente - Aquele que entende este fenómeno, tenta utilizá-lo a favor. Aproveita todo o instante para se transformar no sentido que pretende. Assume um caminho declarado, seja ele qual for.
  • Transformação negligente - As pessoas que reconhecem o fenómeno mas abdicam de o usar. Ou por achar que a repetição deste mecanismo os poderá proporcionar o "retorno à carruagem" a qualquer momento, ou o simples facto de não terem disciplina, faz com que levem a vida de forma boémia, não levando em conta todas as oportunidades que têm para se sublimar e transcender.
Entendo que o simples facto de despertarmos para esta realidade, nos tornamos pessoas mais conscientes e com maior capacidade para enfrentar os desafios que chegam a todo o instante.
Reconhecer a transformação não nos ajuda a fazer nada, não resolve problema algum, mas permite saber que toda e qualquer atitude nossa tem uma consequência bem vincada, seja em nós ou no que nos é exterior...

terça-feira, 30 de junho de 2015

Disrupção, integração e transcendentalidade


Esta trindade surgiu-me após a leitura de um artigo sobre a dieta hominívora e a espiritualidade. Em resumo esse artigo defende que a dieta vegetariana ou vegan não são premissas obrigatórias para um caminho espiritual, mas sim a dieta sustentável.

Ao refletir sobre este assunto, conclui que para percorrer o caminho espiritual, devemos analisar profundamente todos os passos e tomar decisões que nunca comprometam o nosso caminho autoproposto.

Salto o tema da dieta, pois esta não tem grande valor no plano espiritual, quando analisada individualmente. Nesta visão apenas se pode considerar importante (muito importante) à luz da saúde (que também joga um papel relevante na aptidão espiritual).

No entanto, para nos considerarmos verdadeiros aventureiros neste percurso espiritual, não podemos deixar de considerar todos os aspectos que rodeiam a vida. Pois todos eles intervêm no nosso percurso, seja de forma directa seja indirecta.

O caminho espiritual entende-se pela valorização do espírito e pela fé de que ele é a condição essencial para a imortalidade ou vida eterna. Há quem despreze o corpo em função do espírito e quem se aproveite do corpo para desenvolver o espírito. Desde pequeno que fui adepto dos ditos “meio termo”, “nem 8 nem 80”, pois acho que “no meio está a virtude”, sempre me “recentrei” nas reflexões e debates com receio de me perder na irracionalidade ou fanatismo.

Partindo agora para o que interessa, começo por explorar o termo Integração, partindo depois para a Disrupção, e mais tarde para a Transcendentalidade.

 

·         Integração – Quando nascemos, nascemos integrados no mundo que nos acolhe. Existe (cada vez menos) uma sustentabilidade que nos permite sobreviver. Os nossos pais têm alimento, por isso a nossa mãe nos alimenta. Eles conseguem proteger-nos dos agentes externos, e nós crescemos “saudavelmente”. Mais tarde, em adultos, temos todas as condições para continuar a sobreviver e sobretudo a nos desenvolver. Mas aqui a responsabilidade é maior, por já sermos donos de nós mesmos, podemos decidir a forma como vivemos e interagimos com o exterior. Podemos viver de forma integrada, recebendo e contribuindo na mesma medida, ou então de forma disruptiva ou transcendental em relação ao ambiente que nos rodeia.

·         Disrupção – Actualmente o ser Humano vive de acordo com as suas vontades e desejos, alheio às consequências externas. Se hoje quizer almoçar 500gr de arroz com 500gr de carne e mais uma grande salada, concluindo com um extraordinário gelado, todos ficam contentes “ah, ele come tão bem…”; se quiser cortar 3 ou 4 árvores para fazer uma piscina, tenho todo o direito; se tiver muito dinheiro porque não ter uma grande casa e vários carros para passear; e a roupa? Devo ter muita roupa para as pessoas não me verem sempre da mesma maneira e eu poder andar sempre actual e bonito. Tudo isto é normal e até mesmo aconselhável à vista da sociedade moderna.

Consideramos normal, mas não é sustentável, estamos a agredir o meio ambiente que nos rodeia, extenuando os solos para produzir mais alimento e retirando matéria prima para que possamos ter tudo o que queremos; agredimos o ar, a água e o próprio solo com substâncias altamente poluentes que vão acabar por nos afectar também de forma directa e indirecta. Estamos neste momento a matar o planeta, e como tal, a nós também. Estamos em plena fase disruptiva, um corte absoluto com o que nos rodeia.

·         Transcendentalidade – Nascendo integrados e preparados para vivermos de forma integrada com a natureza, assim que nos tornamos autónomos, podemos escolher deixar de ter um papel interventivo no ambiente que nos rodeia. Quero com isto dizer, não participar activamente nele, seja destruindo-o ou alimentando-o. Este é um tema complexo e polémico e possivelmente utópico.

 

A partir do momento em que existimos intervimos!

 

Mas tentando descolar-me desta afirmação, creio que o ser humano pode, disciplinando  o seu ego, levar uma vida profundamente espiritual. E com isto pretendo dizer que o ser humano pode viver no plano material caminhando para o plano espiritual (imaterial e eterno) alterando aqueles que são considerados os hábitos e necessidades naturais do mesmo. Sem fanatismos nem obcessões, podemos de forma progressiva, abdicar nos nossos desejos e objectivos mundanos (que nos tendem à competição – agressão) e concentrarmo-nos na contemplação e na meditação. Se a balança do nosso corpo estiver a pender para o lado espiritual, o lado físico ainda existe (há ainda interferência no plano material), mas este já não agride. E à medida que o espírito se desenvolve, as necessidades/intervenções materiais serão menores, até… à transcendentalidade.

 
 

Aplicabilidade prática – Se praticamos o caminho espiritual, as suas aplicações não se baseiam em ajudar os pobres, não matar, não roubar, rezar, etc…

o   Comer apenas o necessário (animal ou vegetal) – Pois isto e realmente importante, principalmente se a escolha alimentar nos for proveitosa. Desta forma não estamos a exigir ao ambiente mais do que necessitamos, apenas o essencial.

o   Viver nas condições suficientes – A busca do conforto leva-nos a situações demasiado excêntricas. Casas maiores do que realmente necessitamos (muitas vezes com divisões que nem sequer são utilizadas), um carro por pessoa (às vezes mais), mais um mota, uma piscina (mesmo vivendo perto do mar o de uma praia fluvial), uma casa de férias, etc. Esta forma de vida destrói território, leva à exaustão dos solos e à destruição do mundo vivo…

terça-feira, 17 de março de 2015

Reflexão sobre o Tai Ji (太极) PARTE I

O Tai Ji é dos conceitos chineses mais conhecidos no Ocidente. Embora nem sempre bem compreendido em profundidade, o Tai Ji é tipo pela maioria como o símbolo da dualidade.

Este símbolo remonta ao 3 século a.c., da Escola do Yin e do Yang. Este período da História chinesa, foi muito fértil no desenvolvimento científico e intelectual.

Para poder refletir sobre este conceito ou ideia é necessário também explorar os seus caracteres

 Tai é constítuido por dois elementos; 大 (da) mais um ponto.

No geral este caracter simboliza o maior, mais profundo, o extremo, nada há de mais importante

 Ji é constítuido por dois caracteres;
  • 木 (mu) - madeira, árvore
  • 及 (ji) - alcançar, a tempo de
Ji carrega o significado de; final, eixo, extremo, o mais...

Tai Ji, antes demais e através do significado de cada caracter, dá por isso a ideia de algo muito importante, algo inalcansável, extremo, limite... 
Sabemos que o Tai Ji corresponde também ao famoso símbolo que contém Yin e Yang ().

O que haverá de tão importante na relação Yin e Yang, para que juntos possam originar algo de extremo, mais importante...