segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O Dao e a minha caminhada alquímica - Post 02 O enraizamento

Nestes últimos anos tenho desenvolvido o enraizamento, um termo bastante usado nestas práticas.
Mas o que significa enraizamento?
Enraizamento é a capacidade de fazer descer o Qi para a parte inferior do corpo, para as pernas e pés. Treina-se inclusive a descida do Qi para o solo penetrando-o
Esta e uma definiçao clássica que abre a possibilidade a várias interpretações e com estas, a tendência à dispersão e ilusão.

Vou partilhar o meu entendimento de enraizamento...
Existem, para mim, 3 níveis de profundidade:
Jing - físico, a estrutura
Qi- Atenção/percepção ou Yi e Respiraçao
Shen - Consciência

  • Jing - Ao nível mais físico a preocupação é desenvolver a estrutura de forma a obter um bom enquilíbrio e a possibilitar ao corpo a melhor circulação de ene
    rgia possível. Desta forma a força da gravidade circula pelo corpo sem criar qualquer tipo de problema (dores de coluna, joelhos, etc). Em todo o trabalho de Qi gong e Tai ji, o trabalho sobre a postura corporal é fundamental. Para além de abrir portas ao trabalho energético é objectivamente benéfico para o bem estar e no cultivo da saúde. A este nível é fundamental sentir o peso bem distribuído pelos pés e manter todas as articulações (com especial atenção para a cintura e membros inferiores) livres de tensão. À medida que a postura se vai desenvolvendo e sedimentando, várias alterações são notadas pelo praticante… Desde a segurança ao andar, bem como uma sensação de maior proximidade com o chão são sentidas
  • Qi - Neste estágio intermédio elevamos o nosso trabalho para a respiração bem como para um estado físico mais alargado. A respiração abdominal (normal ou  invertida) leva o Qi para o abdómen inferior, levando-nos a obter um novo centro de gravidade (mais próximo do chão). Esta respiração promove também um maior desenvolvimento energético como ajuda a que a bacia se desbloqueie e desenvolva, permitindo que os membros inferiores se mantenham mais ligados ao corpo. É também a respiração uma forma de levar a nossa atenção/percepção para uma zona diferente do corpo chamando assim a nossa consciência a um novo ponto de referência bem distante da cabeça.
  • Shen - Neste momento já estamos a explorar toda a nossa consciência. Na realidade ela começa a desenvolver-se logo no primeiro passo, pois nenhum destes "3 níveis" está dissociado, mas é nesta fase que esse desenvolvimento se torna prioritário. Aqui, e com todas as restantes conquistas obtidas, queremos levar a nossa consciência a todo o corpo. Nesta fase, devemos manter a nossa mente focada no nosso corpo, na realidade! É fácil começar a imaginar, a sonhar… É mais fácil ainda deixarmos a nossa mente vaguear por sensações obtidas no corpo… As sensações são apenas acontecimentos temporários e menores de uma transformação interna! Ficarmos presos na sensação é ignorar o que está realmente a acontecer. Portanto a este nível outra das coisas que trabalhamos é o desprendimento, a capacidade de observar sem se ligar e de sentir sem com isto manter o querer… Aprender a apenas estar
Em suma, o enraizamento é todo um processo que nos acompanha na transformação interna. O enraizamento está mesmo, directamente ligado ao nosso crescimento e grau de consciência. Estes "3 níveis" são apenas uma forma de dissecar um processo e não forçosamente um método, pois em todo o processo tudo está envolvido.

Para terminar, o trabalho de enraizamento é muito mais que uma postura, ele pode ser feito no dia a dia, em pé sentado ou deitado, a trabalhar ou a descansar e em qualquer lugar. O trabalho sobre o enraizamento ensina-nos a estar presentes e as consequências vão muito para lá do plano meramente físico

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O Dao e a minha caminhada alquímica - Post 01 O meu início

A vida vai-nos conduzindo, na maioria das vezes, sem que possamos dar conta disso sequer. Foi e continua a ser assim. Posso então dizer que a minha caminhada começou com o meu nascimento, mas essa foi inteiramente inconsciente.

Conscientemente a minha caminhada começou em 2002, quando ingressei no curso de Naturologia. Nessa altura não tinha qualquer tipo de pensamento filosófico, nem qualquer noção profunda sobre as artes orientais a não ser um conhecimento superficial sobre as artes marciais. Os anos de 2002 e 2003 tiveram um tremendo impacto em mim pois tomei conhecimento de um mundo que pensava apenas imaginário e fantasioso. Mergulhei na filosofia Chinesa e na prática de Qi gong. Embora a prática energética me tivesse fascinado não foi nessa altura que a aprofundei. Muito devido ao meu "mindset" foi a partir dessa altura que comecei a devorar todos os livros que exploravam a Medicina Chinesa, a filosofia Chinesa e em especial o Daoismo. Seguiram-se os anos e continuaram as leituras até que em determinada altura decidi começar a aplicar tudo o que havia aprendido do ponto de vista teórico.

PRÁTICA

Nessa altura já trabalhava em clínica com Acupunctura e comecei então a apreender a prática de Qi gong.
Durante vários anos a minha prática era intelectual e por isso desligada do meu corpo.
quero com isto dizer que eu fazia um exercício físico e, em simultâneo, pensava no que estava a fazer e tentava induzir determinados acontecimentos. Foram vários os ANOS em que isso aconteceu. A sensação não era especialmente prazerosa mas a verdade e que sentia resultados práticos, como maior serenidade, e flexibilidade articular.
Porque sou obstinado naquilo que faço, nunca abandonei completamente a minha prática.
Nesses anos uma das grandes evoluções que sofri foi a da respiração. Era-me impossível praticar respiração abdominal.

RESPIRAÇÃO

Nessa altura já tinha muita teoria sobre o assunto e então durante as minhas práticas, muita da minha atenção estava voltada para o desenvolvimento da respiração abdominal. Fazia sempre esforço para que o diafragma se soltasse. Por isso e outras coisas mais, não conseguia ter uma prática serena. Mas na realidade estava a construir bases para o futuro da minha prática. Nessa fase da minha vida sentia muitas vezes dor abdominal quando forçava a respiração e por vezes quebras de tensão, tal era o bloqueio no meu diafragma. 
Nessa fase da minha vida aprendi também alguns estilos de Qi gong como o estilo de Wu dang pelo qual me afeiçoei especialmente.

Posso dizer que os primeiros 10 anos de prática, sensivelmente, foram de desenvolvimento teórico e estrutural, sem eu ter tirado um proveito profundo daquilo que o Nei gong pode produzir. Estava longe de descobrir outros efeitos desta prática...



domingo, 16 de setembro de 2018

O Dao e a minha caminhada alquímica - Post 00

A partir de hoje, poderão acompanhar o meu percurso.
Decidi partilhar a minha caminhada por achar que pode ser útil a todos os que buscam o mesmo.

A partir de agora poderão acompanhar a todas as minhas publicações sobre este tema através da etiqueta " A minha experiência alquímica "

Estas publicações serão, inicialmente, uma retrospectiva do meu percurso até aos dias de hoje. Mais tarde as publicações estarão actualizadas com os dias actuais.


Antes da minha caminhada ocupar lugar, de forma consciente, eu vivia sonhando e imaginando.

Sempre tive crenças intrínsecas que nunca pude explicar, mas que simplesmente sentir.

Sempre vi o mundo de uma forma particular, sem que esta visão fosse entendida pelos meus familiares e amigos.

Durante a minha infância estava por vezes deslocado pois a minha mentalidade não encaixava na totalidade na dos meus amigos. Considero-me uma pessoa normal. E por isso nunca me senti completamente deslocado. Isso acontecia em determinadas situações. Lembro-me por exemplo que cada vez que tinha de interpretar um texto nas aulas, raramente a interpretação batia certo com a "versão correta". Para um jovem isso é um pouco chato pois somos vistos como tendo dificuldades aqui ou ali, quando na verdade somos apenas diferentes. Foram precisos muitos anos para eu entender que não há certo nem errado em muitas dos aspectos da nossa vida. Na realidade a riqueza da humanidade reside na capacidade de cada Ser ser único. É isso que nos faz evoluir e crescer em grupo. O problema é que a Sociedade tende a criar um padrão que retira a criatividade e liberdade de pensamento do indivíduo, "ensinando-o" a pensar da forma correcta.
Hoje vivo seguro de mim, consciente das minhas qualidades, bem como fragilidades. Mas essa descoberta ocorreu de forma solitária, pois ninguém me conseguiu ajudar nesse processo.

Partilho esta história pois penso não ser o único a viver e ter vivido algo do género. É muito importante escutarmos os outros, mas é fundamental escutarmo-nos! Isso diria mesmo é determinante naquilo que será a nossa vida. É a grande diferença entra a realização e uma vida frustrada. Apenas sabendo quem somos podemos determinar o nosso caminho. Seguir um caminho incutido por alguém, é como querermos ir às compras de olhos vendados. O mais certo é não conseguirmos.




Espero que as futuras publicações possam ser úteis.


sexta-feira, 6 de julho de 2018

Reflexão sobre o Tai Ji (太极) PARTE II

Na primeira parte foi feito o estudo dos caracteres

(Tai ji Parte I)


"Último supremo", representa a dualidade primária de Yin e Yang, onde o mundo diferenciado começa. O "último supremo" ou Tai ji está entre o Dao e os 100 000 seres, entre o indiferenciado e o manifesto. É por isso de grande importância o entendimento deste princípio.

Tai ji é o mecanismo que permite que o Dao se manifeste no mundo material de forma diferenciada. É por tanto um movimento constante de transformação entre duas energias primárias, contrarias mas complementares, permitindo dar origem a tudo o que conhecemos, e ao que ainda desconhecemos.

Este príncipio está presente, de uma forma geral, em toda a cultura Chinesa e em particular, na Medicina Chinesa e nas práticas internas.

É por isso algo muito explorado nas práticas de Qi Gong e Tai ji.

Mas o que pode ser o Taiji na prática, na realidade? Não será este apenas um conceito teórico?

Na cultura chinesa, as teorias desenvolvidas advêm da observação de fenómenos naturais. Após observação dos acontecimentos que ocorrem na natureza externa e interna, foram criados conceitos que pudessem representar esses acontecimentos. Desta forma seria possível ensinar quem não tinha esta capacidade de observação.

Portanto, Sim! Esta é uma teoria eminentemente prática e visa explicar à pessoa o que acontece na natureza. Assim podemos prever, resolver e equilibrar o que nos circunda e envolve.

O Tai Ji Chuan


A prática do Tai ji chuan é isso mesmo. É uma forma de aplicar este príncipio por forma a refinar o corpo de tal forma a atingir o estado de Tai ji, "último supremo". Uma vez que nos movemos no mundo manifesto, este treino faz-nos regressar a um estado que nos antecede, pré-celestial. Com a prática deste método, refinamos a energia até atingir o estado de Tai ji.
Nesse momento identificamos claramente as energias primárias Yin e Yang. Com a continuação da prática, suplantamos esse estado permanecendo em Wu ji (estado indiferenciado) estando em contacto com o Dao, a energia não-manifesta.

Este é o grande objectivo da prática de Tai ji Chuan. Mesmo no que toca à sua componente marcial, é atingindo este estado que o praticante se torna mestre, capaz de responder a todas as ofensivas pois está imbuído da energia que reveste o mundo, de onde todo o conhecimento deriva e por isso encontra-se num estado de invencibilidade (estado não dual).

É importante refletirmos sobre o Tai ji, mas sobretudo praticarmo-lo. À medida que o corpo, na sua integra, se refina, o Tai ji torna-se cada vez mais visível e o seu entendimento cada vez mais claro

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Respiração, , enchendo o recipiente...

A respiração é, nas práticas alquímicas internas, determinante. Diria que a respiração é a pedra angular do desenvolvimento espiritual do praticante. Se por um lado é importante desenvolver uma estrutura apropriada para que a energia possa circular correctamente, por outro é fundamental a mente estar desperta em todo o processo. A respiração é o elo de ligação entre estes dois pólos.

Vivemos na materialidade, os nossos sentidos primários ligam-nos ao mundo ilusório, a mente dá-nos a consciência para a libertação. Pretendemos então caminhar da Terra para o Céu, mas para isso precisamos de um veiculo, esse veiculo é a respiração!

A respiração é muito estudada nas práticas orientais, em particular na prática Daoista. Através da respiração podemos absorver energia, armazena-la e fazê-la circular nas mais diversas partes do corpo.

Através da respiração podemos sublimar a energia, fortalecer o físico e elevar a consciência. Por isso a prática interna sem cuidar da respiração é uma prática esvaziada, inútil.

Então respirar basta?

Não! Respirar é um aspecto fundamental, pois é a respiração que liga o plano físico ao divino, mas é apenas um processo, sem o resto pouco acontece.
É certo que cuidar da respiração promove alterações evidentes, tanto no corpo físico como emocional e mental, mas para que o processo alquímico se aprofunde é necessário muito mais

Encher o recipiente

O Dantian inferior ou Xia Dantian pode ser, aqui considerado como o recipiente que desejamos encher de energia vital. E por isso a respiração é maioritariamente abdominal (área que corresponde ao Xia Dantian).
Mas para que possamos encher o recipiente não basta respirar, é necessário activar o processo. Para que tal suceda é fundamental usar a Mente-percepção para que possamos conduzir a energia para o Dantian.

No final concluimos sempre o mesmo, todos os processos são indispensáveis, cada um é particular e nenhum é independente do outro para que possamos atingir a libertação.

Acredito que quando nos dedicamos ao desenvolvimento da respiração, corpo e mente se amaciam e desenvolvem. Mais tarde a nossa consciência adquirida permite elevar o processo respiratório e o encontro com o relaxamento físico profundo liberta a circulação do Qi.
No entanto não existe um método correcto, existe sim aquele com o qual nos identificamos mais!

Boas práticas

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Ba Xian, o Templo dos 8 imortais

O Templo dos 8 imortais é um importante templo daoista situado na famosa cidade de Xi'an, antiga capital da dinastia Qin, a que reunificou a China pela primeira vez.

Foi Qin Shi Huang Di que ordenou ser construído um exército em terracota para o proteger quando partisse para o outro mundo. Hoje é um dos locais com maior turismo em toda China. Diz-se que ele viria a morrer envenenado devido às fórmulas alquímicas na sua busca obcessiva pela imortalidade.

Os 8 imortais são muito reverenciados no Daoismo o que confere também, grande importância religiosa a este templo.
Zhong li Quan, Lü Dong bin, ...., foram homens e mulheres que seguiram a via do Dao. Cada um, com o seu próprio caminho deixando o mundo para se entregar às maravilhas do Dao, atingindo então a imortalidade.

Este templo é uma homenagem a estes grandes homens e mulheres que alcaçaram o Dao. Os 8 imortais são a demonstração da capacidade espiritual do ser humano e das suas capacidades intrínsecas.


À entrada do tempo existe uma espécie de mercado com utensílios Daoistas (desde vestes, a instrumentos, estatuetas) mas também artigos comuns. Ao entrar neste templo sente-se desde logo a calma que contrasta com a agitação ao seu redor.

No interior do templo existem inúmeros edifícios, cada um dedicado a um famoso Daoista ( para além dos imortais), como é o caso de Sun Si Miao grande médico Chinês da dinastia Sui e Tang, entre outros.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Quando o medo se mascara e a preocupação ocupa lugar

A preocupação

Muitos dirão que a preocupação é fruto de um ser consciente e responsável. Que só um louco não se preocupa, pois o que seria da humanidade se o ser humano não se preocupasse com os outros…

Dirão também que é fundamental alguém se preocupar com o seu filho, os seus pais o seu companheiro, enfim todos aqueles de quem gostamos. A preocupação parece então estar ligada de forma estranha ao amor, isto porque as pessoas se preocupam com aqueles que gostam…

Alargando o tema da preocupação

 Mas a preocupação também surge no trabalho e, infelizmente, muitos são aqueles que não adoram o que fazer. Alguns até detestam… Então a preocupação não é sinónimo de amor, também pode decorrer noutras situações como o trabalho.

Podemos também ficar preocupados com algo que fizemos. Talvez não tivéssemos feito bem, talvez o que fizemos teve repercussões em alguém que nós não queríamos. Talvez o que fizemos no passado nos está a condicionar o presente e isso preocupa-nos…

E como a preocupação não conhece limite, podemos até ficar preocupados com o futuro, pois dele ninguém faz ideia o que vem… Mas às vezes, até por "sabermos" o que aí vem, ficamos preocupados

Antes de fazer uma reflexão sobre a preocupação, seria interessante estudar a palavra em si:

Preocupação: 
  • Estado de um espírito ocupado por uma ideia fixa a ponto de não prestar atenção a mais nada
  • Inquietação
  • Desassossego
  • Ocupação prévia
  • O primeiro a ocupar
  • Antecipar
De forma geral a preocupação assume um peso incomodativo no nosso espírito, pois preenche a nossa mente com algo impossibilitando vivenciar o momento. 

Ao impedir vivenciar o momento, a preocupação leva-nos para um estado de espírito em que vivenciamos a ilusão, mas porquê? Seja por antecipar um real acontecimento, ou por manter um pensamento sobre algo que corre por corrigir na nossa vida, essa ocupação mental nada traz de resolução.

Podemos contudo argumentar, que pelo pensamento permanente num tema, conseguimos muitas vezes resolver diversas situações nas nossas vidas, é certo. Isso acontece com a esmagadora maioria das pessoas. Quando há um "problema" ficamos a "meditar" (preocupados) nele e, algumas vezes encontramos a "solução". Para quem acha que esta é a via, este  texto não visa explorar este ponto que no meu entender tem a sua própria linha de raciocínio. 

O que posso dizer é que nós podemos resolver os desafios que a vida nos propõe das mais diversas formas. Umas serão melhores que outras, como em tudo na vida. No meu entender, a melhor forma de lidar com estes desafios é fazê-lo com a consciência no presente, em paz consigo mesmo aproveitando cada instante desta vida terrena que passa num ápice. Se a cada desafio que formos resolver, e são muitos os que aparecem na vida, perdermos a noção do momento; então estaremos a desperdiçar uma grande parte da vida. 

Usando a preocupação conseguimos vivenciar o presente de forma plena? Estou certo que não.

Então podemos lidar com o desafio em tempo real, não perdendo tempo em antecipa-lo, até porque muitas das vezes ele acaba por não se manifestar. Podemos também manter a serenidade e atenção máxima, fazendo uso de todas as nossas capacidades, para poder resolver o que nos surge. Geralmente a resolução é mais rápida, pacífica e menos desgastante, já para não falar do seu rácio de assertividade

A "conversa", trouxe-me até aqui, mas não era bem este o caminho que havia escolhido inicialmente. Surgiu-me que a preocupação pode ser apenas uma manifestação de algo mais profundo do nosso ser e não apenas uma característica nossa. 
A preocupação não deixa de ser um pensamento fixo sobre algo, uma pequena obcessão. 

O que nos leva a viver neste estado? Pois ninguém se sente genuinamente bem neste estado. Muitas pessoas se queixar que se preocupam com o tudo e com o nada mas não conseguem deixar de o fazer… Porquê? o que as impede?

O medo

Se confiarmos em nós e nas nossas capacidades, regra geral não seremos atacados pela preocupação
Se sentirmos uma confiança inabalável nos nossos amigos e familiares, estes não serão fonte do nosso medo
Se executarmos o nosso trabalho com dedicação e disciplina, o trabalho não será fonte de inquietação
Estando conscientes das nossas limitações e capacidades, não ficaremos desassossegados por acontecimentos passados nem inquietos em relação à indefinição do futuro

Creio, que para a preocupação nos abandonar, temos obrigatoriamente de observar o nosso medo, temos de o mandar para fora do barco, pois só assim a preocupação (e outras qualidades mentais) poderão extinguir-se. 

Mas para tal é importante dar o salto no abismo, e esse é difícil de fazer… Isto significa, temos de nos entregar ao mundo da indefinição, pois no que nos é exterior não conhecemos nada. A única realidade Somos Nós. é aí que deve residir a confiança, a entrega, a fé. 

Se vivermos sempre em função do que nos é exterior é como estarmos sempre a correr atrás de um cavalo, nunca o apanhamos… Mas se decidirmos viver em função do que somos, das nossas sensações, não apenas viveremos serenos e tranquilos, como muito provavelmente realizados
O medo