Muitos dirão que a preocupação é fruto de um ser consciente e responsável. Que só um louco não se preocupa, pois o que seria da humanidade se o ser humano não se preocupasse com os outros…
Dirão também que é fundamental alguém se preocupar com o seu filho, os seus pais o seu companheiro, enfim todos aqueles de quem gostamos. A preocupação parece então estar ligada de forma estranha ao amor, isto porque as pessoas se preocupam com aqueles que gostam…
Alargando o tema da preocupação
Mas a preocupação também surge no trabalho e, infelizmente, muitos são aqueles que não adoram o que fazer. Alguns até detestam… Então a preocupação não é sinónimo de amor, também pode decorrer noutras situações como o trabalho.
Podemos também ficar preocupados com algo que fizemos. Talvez não tivéssemos feito bem, talvez o que fizemos teve repercussões em alguém que nós não queríamos. Talvez o que fizemos no passado nos está a condicionar o presente e isso preocupa-nos…
E como a preocupação não conhece limite, podemos até ficar preocupados com o futuro, pois dele ninguém faz ideia o que vem… Mas às vezes, até por "sabermos" o que aí vem, ficamos preocupados
Antes de fazer uma reflexão sobre a preocupação, seria interessante estudar a palavra em si:
Preocupação:
- Estado de um espírito ocupado por uma ideia fixa a ponto de não prestar atenção a mais nada
- Inquietação
- Desassossego
- Ocupação prévia
- O primeiro a ocupar
- Antecipar
De forma geral a preocupação assume um peso incomodativo no nosso espírito, pois preenche a nossa mente com algo impossibilitando vivenciar o momento.
Ao impedir vivenciar o momento, a preocupação leva-nos para um estado de espírito em que vivenciamos a ilusão, mas porquê? Seja por antecipar um real acontecimento, ou por manter um pensamento sobre algo que corre por corrigir na nossa vida, essa ocupação mental nada traz de resolução.
Podemos contudo argumentar, que pelo pensamento permanente num tema, conseguimos muitas vezes resolver diversas situações nas nossas vidas, é certo. Isso acontece com a esmagadora maioria das pessoas. Quando há um "problema" ficamos a "meditar" (preocupados) nele e, algumas vezes encontramos a "solução". Para quem acha que esta é a via, este texto não visa explorar este ponto que no meu entender tem a sua própria linha de raciocínio.
O que posso dizer é que nós podemos resolver os desafios que a vida nos propõe das mais diversas formas. Umas serão melhores que outras, como em tudo na vida. No meu entender, a melhor forma de lidar com estes desafios é fazê-lo com a consciência no presente, em paz consigo mesmo aproveitando cada instante desta vida terrena que passa num ápice. Se a cada desafio que formos resolver, e são muitos os que aparecem na vida, perdermos a noção do momento; então estaremos a desperdiçar uma grande parte da vida.
Usando a preocupação conseguimos vivenciar o presente de forma plena? Estou certo que não.
Então podemos lidar com o desafio em tempo real, não perdendo tempo em antecipa-lo, até porque muitas das vezes ele acaba por não se manifestar. Podemos também manter a serenidade e atenção máxima, fazendo uso de todas as nossas capacidades, para poder resolver o que nos surge. Geralmente a resolução é mais rápida, pacífica e menos desgastante, já para não falar do seu rácio de assertividade
A "conversa", trouxe-me até aqui, mas não era bem este o caminho que havia escolhido inicialmente. Surgiu-me que a preocupação pode ser apenas uma manifestação de algo mais profundo do nosso ser e não apenas uma característica nossa.
A preocupação não deixa de ser um pensamento fixo sobre algo, uma pequena obcessão.
O que nos leva a viver neste estado? Pois ninguém se sente genuinamente bem neste estado. Muitas pessoas se queixar que se preocupam com o tudo e com o nada mas não conseguem deixar de o fazer… Porquê? o que as impede?
O medo
Se confiarmos em nós e nas nossas capacidades, regra geral não seremos atacados pela preocupação
Se sentirmos uma confiança inabalável nos nossos amigos e familiares, estes não serão fonte do nosso medo
Se executarmos o nosso trabalho com dedicação e disciplina, o trabalho não será fonte de inquietação
Estando conscientes das nossas limitações e capacidades, não ficaremos desassossegados por acontecimentos passados nem inquietos em relação à indefinição do futuro
Creio, que para a preocupação nos abandonar, temos obrigatoriamente de observar o nosso medo, temos de o mandar para fora do barco, pois só assim a preocupação (e outras qualidades mentais) poderão extinguir-se.
Mas para tal é importante dar o salto no abismo, e esse é difícil de fazer… Isto significa, temos de nos entregar ao mundo da indefinição, pois no que nos é exterior não conhecemos nada. A única realidade Somos Nós. é aí que deve residir a confiança, a entrega, a fé.
Se vivermos sempre em função do que nos é exterior é como estarmos sempre a correr atrás de um cavalo, nunca o apanhamos… Mas se decidirmos viver em função do que somos, das nossas sensações, não apenas viveremos serenos e tranquilos, como muito provavelmente realizados
O medo
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