terça-feira, 30 de junho de 2015

Disrupção, integração e transcendentalidade


Esta trindade surgiu-me após a leitura de um artigo sobre a dieta hominívora e a espiritualidade. Em resumo esse artigo defende que a dieta vegetariana ou vegan não são premissas obrigatórias para um caminho espiritual, mas sim a dieta sustentável.

Ao refletir sobre este assunto, conclui que para percorrer o caminho espiritual, devemos analisar profundamente todos os passos e tomar decisões que nunca comprometam o nosso caminho autoproposto.

Salto o tema da dieta, pois esta não tem grande valor no plano espiritual, quando analisada individualmente. Nesta visão apenas se pode considerar importante (muito importante) à luz da saúde (que também joga um papel relevante na aptidão espiritual).

No entanto, para nos considerarmos verdadeiros aventureiros neste percurso espiritual, não podemos deixar de considerar todos os aspectos que rodeiam a vida. Pois todos eles intervêm no nosso percurso, seja de forma directa seja indirecta.

O caminho espiritual entende-se pela valorização do espírito e pela fé de que ele é a condição essencial para a imortalidade ou vida eterna. Há quem despreze o corpo em função do espírito e quem se aproveite do corpo para desenvolver o espírito. Desde pequeno que fui adepto dos ditos “meio termo”, “nem 8 nem 80”, pois acho que “no meio está a virtude”, sempre me “recentrei” nas reflexões e debates com receio de me perder na irracionalidade ou fanatismo.

Partindo agora para o que interessa, começo por explorar o termo Integração, partindo depois para a Disrupção, e mais tarde para a Transcendentalidade.

 

·         Integração – Quando nascemos, nascemos integrados no mundo que nos acolhe. Existe (cada vez menos) uma sustentabilidade que nos permite sobreviver. Os nossos pais têm alimento, por isso a nossa mãe nos alimenta. Eles conseguem proteger-nos dos agentes externos, e nós crescemos “saudavelmente”. Mais tarde, em adultos, temos todas as condições para continuar a sobreviver e sobretudo a nos desenvolver. Mas aqui a responsabilidade é maior, por já sermos donos de nós mesmos, podemos decidir a forma como vivemos e interagimos com o exterior. Podemos viver de forma integrada, recebendo e contribuindo na mesma medida, ou então de forma disruptiva ou transcendental em relação ao ambiente que nos rodeia.

·         Disrupção – Actualmente o ser Humano vive de acordo com as suas vontades e desejos, alheio às consequências externas. Se hoje quizer almoçar 500gr de arroz com 500gr de carne e mais uma grande salada, concluindo com um extraordinário gelado, todos ficam contentes “ah, ele come tão bem…”; se quiser cortar 3 ou 4 árvores para fazer uma piscina, tenho todo o direito; se tiver muito dinheiro porque não ter uma grande casa e vários carros para passear; e a roupa? Devo ter muita roupa para as pessoas não me verem sempre da mesma maneira e eu poder andar sempre actual e bonito. Tudo isto é normal e até mesmo aconselhável à vista da sociedade moderna.

Consideramos normal, mas não é sustentável, estamos a agredir o meio ambiente que nos rodeia, extenuando os solos para produzir mais alimento e retirando matéria prima para que possamos ter tudo o que queremos; agredimos o ar, a água e o próprio solo com substâncias altamente poluentes que vão acabar por nos afectar também de forma directa e indirecta. Estamos neste momento a matar o planeta, e como tal, a nós também. Estamos em plena fase disruptiva, um corte absoluto com o que nos rodeia.

·         Transcendentalidade – Nascendo integrados e preparados para vivermos de forma integrada com a natureza, assim que nos tornamos autónomos, podemos escolher deixar de ter um papel interventivo no ambiente que nos rodeia. Quero com isto dizer, não participar activamente nele, seja destruindo-o ou alimentando-o. Este é um tema complexo e polémico e possivelmente utópico.

 

A partir do momento em que existimos intervimos!

 

Mas tentando descolar-me desta afirmação, creio que o ser humano pode, disciplinando  o seu ego, levar uma vida profundamente espiritual. E com isto pretendo dizer que o ser humano pode viver no plano material caminhando para o plano espiritual (imaterial e eterno) alterando aqueles que são considerados os hábitos e necessidades naturais do mesmo. Sem fanatismos nem obcessões, podemos de forma progressiva, abdicar nos nossos desejos e objectivos mundanos (que nos tendem à competição – agressão) e concentrarmo-nos na contemplação e na meditação. Se a balança do nosso corpo estiver a pender para o lado espiritual, o lado físico ainda existe (há ainda interferência no plano material), mas este já não agride. E à medida que o espírito se desenvolve, as necessidades/intervenções materiais serão menores, até… à transcendentalidade.

 
 

Aplicabilidade prática – Se praticamos o caminho espiritual, as suas aplicações não se baseiam em ajudar os pobres, não matar, não roubar, rezar, etc…

o   Comer apenas o necessário (animal ou vegetal) – Pois isto e realmente importante, principalmente se a escolha alimentar nos for proveitosa. Desta forma não estamos a exigir ao ambiente mais do que necessitamos, apenas o essencial.

o   Viver nas condições suficientes – A busca do conforto leva-nos a situações demasiado excêntricas. Casas maiores do que realmente necessitamos (muitas vezes com divisões que nem sequer são utilizadas), um carro por pessoa (às vezes mais), mais um mota, uma piscina (mesmo vivendo perto do mar o de uma praia fluvial), uma casa de férias, etc. Esta forma de vida destrói território, leva à exaustão dos solos e à destruição do mundo vivo…

terça-feira, 17 de março de 2015

Reflexão sobre o Tai Ji (太极) PARTE I

O Tai Ji é dos conceitos chineses mais conhecidos no Ocidente. Embora nem sempre bem compreendido em profundidade, o Tai Ji é tipo pela maioria como o símbolo da dualidade.

Este símbolo remonta ao 3 século a.c., da Escola do Yin e do Yang. Este período da História chinesa, foi muito fértil no desenvolvimento científico e intelectual.

Para poder refletir sobre este conceito ou ideia é necessário também explorar os seus caracteres

 Tai é constítuido por dois elementos; 大 (da) mais um ponto.

No geral este caracter simboliza o maior, mais profundo, o extremo, nada há de mais importante

 Ji é constítuido por dois caracteres;
  • 木 (mu) - madeira, árvore
  • 及 (ji) - alcançar, a tempo de
Ji carrega o significado de; final, eixo, extremo, o mais...

Tai Ji, antes demais e através do significado de cada caracter, dá por isso a ideia de algo muito importante, algo inalcansável, extremo, limite... 
Sabemos que o Tai Ji corresponde também ao famoso símbolo que contém Yin e Yang ().

O que haverá de tão importante na relação Yin e Yang, para que juntos possam originar algo de extremo, mais importante...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A integração com a Natureza provém apenas no silêncio, na quietude do espírito

A integração com a Natureza provém apenas no silêncio, na quietude do espírito.

A Natureza existe, é uma realidade.
A interdependência permanece, haja ou não consciência disso. Os ciclos ocorrem sem cessar, beneficiando ou prejudicando o ser que segue o curso de um rio sem saber nadar...

No entanto, para quele que escuta, que vê e para aquele que sente, esses ciclos não são bons ou maus uma vez que que ele se adapta às mudanças, permanecendo equilibrado com  o meio que o envolve.

O ser que se submerge em pensamentos e preocupações afoga-se. Não consegue prestar atenção ao que o rodeia, não vê a rocha que rompe o rio e à qual se pode agarrar. Os pensamentos ofuscam a visão, a preocupação dispersa a atenção.

Quando o ser se perde nos pensamentos e preocupações, fica preso a um mundo imaginário que não possui respostas aos desafios propostos pela realidade que este enfrenta. O que sai de si (o externo) é-lhe estranho e apenas perceptível quando um espinho se cruza no seu caminho ele se apercebe que há algo mais que o afecta., no entanto não sabe o que é...

A àgua leva-o, ele não sabe para onde nem como chegará, seja onde for. Está tão preocupado pelo facto de estar a ser levado pela corrente do rio, que nem sequer vê a saída de fronte dos seus olhos.

O Homem sereno cala a mente e sossega o espírito, ouve o vento e o canto dos pássaros. Sente a brisa e observa as variações de luz ao longo do dia. O Homem sereno trava o tempo despertando a sua atenção, observa sem reflectir (intui). Aqui ele sente apenas os efeitos que o exterior lhe proporciona, tomando consciência no fogo que se dissipa e na àgua que se move a sul.

O seu corpo respira a vitalidade natural e dá à terra o fermento que esta necessita para gerar vida. Ele participa, de forma íntegra, ele é Natureza.

O silêncio alcançou a integridade, a quietude levou-o à luz

"A integração na Natureza provém no silêncio da atenção, na quietude do espírito"

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Respiração abdominal

A respiração abdominal é uma das práticas mais importantes no Daoismo.

A respiração é fundamental para a vida, pois é ela que garante a vida, através da oxigenação mas também da desintoxicação do organismo. O Pulmão capta o Oxigénio e a humidade do ar e elimina Dióxido de carbono e humidade, juntamente com outras substâncias toxicas do organismo.

Melhorar o rendimento respiratório, potencia todas estas funções do Pulmão.

Mas do ponto de vista Daoista, a respiração faz muito mais...

A respiração regula também a circulação de Qi no organismo. Controla os níveis de energia nos meridianos e a forma como esta se move.

Na Medicina tradicional Chinesa diz-se "o Qi move-se a mão travessa por cada movimento respiratório". Quer isto dizer que cada movimento respiratório impulsiona o Qi. É dito também que a inspiração faz afundar o Qi, e a expiração traz o Qi à superfície.

Com isto ficamos a saber:
  • Inspiração e expiração promovem a circulação de Qi
  • Inspiração traz o Qi para dentro
  • Expiração leva o Qi para fora
  • Inspiração e expiração em equilíbrio promovem uma circulação continua
  • Inspiração e expiração em ritmos diferentes promovem uma circulação em ritmos diferentes
Por isso uma das práticas mais elementares é a de regular a inspiração e expiração para que a circulação de Qi seja equilibrada, embora existam diferentes métodos com propósitos específicos.

Mas a respiração é muito mais do que isso!!!

Na Medicina Tradicional Chinesa diz também que "a mente conduz o Qi". Por outras palavras a concentração permite conduzir o Qi para locais pretendidos.
Por exemplo, quando temos uma dor muito forte, é natural que a nossa atenção (concentração) esteja no local da dor. É um mecanismo natural de autocura do organismo pois conduzindo o Qi para esse local a recuperação é mais rápida. Mas nem sempre a nossa mente nos ajuda, por vezes é a atenção permanente numa região do corpo ou numa preocupação que nos mantém desequilibrados (exemplo: quando estamos demasiado receosos, o receio não desaparece por si só, às vezes agrava-se).

Por isso, no Daoismo a respiração é consciente. A respiração é feita com a atenção da mente, para conduzir o Qi de forma propositada para as regiões que mais pretendemos.

No baixo ventre (Dan Tian), encontra-se a grande bateria bioelétrica do corpo. A região que armazena a energia Yuan-Jing (energia proveniente do céu anterior). É por essa razão que a prática respiratória mais comum é precisamente a respiração abdominal. Se por um lado conseguimos ter um maior aproveitamento do Pulmão com esta respiração, por outro estamos a estimular o Dan Tian, mobilizando esta energia fundamental para todo o corpo. Existem muitas outras razões para a prática desta respiração que não irei abordar nesta publicação.

Quando pomos a mente a trabalhar em conjunto com a respiração abdominal, ativamos esta energia e mobilizamo-la por todo o corpo a um ritmo controlado através do ritmo respiratório.

 
O corpo começa a receber maior quantidade de Yuan Qi e Jing Qi, o que tem como consequência um aumento da capacidade regeneradora do organismo, mas sobretudo um maior equilíbrio energético nos três diferentes níveis, Shen (energia espiritual), Qi (energia propriamente dita) e Jing (energia sexual). Progressivamente o praticante harmoniza estas três energias.
Os resultados práticos desta harmonização tendem a ser os seguintes:
  • Aumento da resistência física
  • Diminuição da ansiedade
  • Aumento da resistência ao stress
  • Melhoria do sono
  • Regulação do sistema cardiovascular e do aparelho digestivo
  • Aumento dos níveis de concentração
  • Melhor rendimento intelectual
  • Aumento da criatividade
  • Maior sensação de bem estar
  • Maior felicidade

A respiração abdominal é por isso essencial nas práticas Daoistas e embora o seja, é muitas das vezes ignorada. Deve portanto ser alvo de estudo intensivo, por ser uma técnica que produz efeitos importantes e contínuos no decorrer da nossa vida.

Sem uma respiração apropriada nunca conseguiremos atingir um estado de autodesenvolvimento muito elevado, por não conseguirmos mobilizar e equilibrar as energias vitais do nosso organismo.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O instante...

No Daoismo, uma das práticas diárias é viver o presente, o momento, o instante!

Este é já um desafio enorme, ainda mais no mundo em que vivemos. 

É importante permanecermos focados no presente por diversas razões, algumas mais fáceis de encontrar que outras...

Quando nos focamos no presente, estamos concentrados, centrados e por isso, atentos ao que se está a passar. Com isso tiramos um melhor aproveitamento da experiência que estamos a viver.

Ao fazê-lo a nossa mente não vagueia em pensamentos disformes, preocupações malignas ou deveres futuros. Nesse momento a mente está ocupada com a realidade, o instante.

Ao estarmos focados, a nossa mente não é assolada pelas nossas memórias e experiências qe formulam conceitos e preconceitos, que tendem a influenciar o nosso comportamento. Desta forma a experiência que vivemos torna-se, verdadeiramente única e irrepetível.

Se fizermos uma análise mais interna e energética, viver o presente provoca a concentração da energia do corpo, invertendo o seu sentido centrífugo para um sentido centrípeto. Desta forma a energia não se perde, mantém-se e armazena-se. Este acontecimento, provoca no nosso corpo muitas alterações sensoriais, mentais e espirituais. A concentração continua da energia, enche os reservatórios de energia, acabando por derramar para os. Seus canais, órgãos e tecidos. Com iso desenvolve-se a saúde e, muito importante, a consciência.

Viver o presente implica por isso, entender o conceito de realidade e ilusão segundo o Daoismo, é importante relativisar a importância apresentada pelos nossos sentidos e de acordar outras formas de percepção existentes no nosso corpo. 

Os nossos sentidos projectam a energia para fora, pois através deles, a nossa tenção coloca-se fora do nosso corpo. Aí começa a ilusão, quando passamos a vivênciar no exterior ao invés de nos explorarmos a nós mesmos. Deixamos de nos sentir, de nos compreender e de nos conhecer. 

Creio que no ocidente a maioria vive fora de casa, do seu corpo. Temos uma vida cheia de preocupações ( externas) e vivemos ansiosos em querer resolver as situações ( muitas delas inexistentes, futuras). É imperial revertermos o processo.

Mas como?

Como será possível, no mundo contemporâneo, viver unicamente o presente, sem ter em conta a pressão do trabalho, as obrigações financeiras e o bem-estar familiar?

Creio que no íntimo de cada um de nós, reside a resposta. Mas para isso precisamos percorrer o caminho centrípeto, de nos concentrarmos e procurarmos, até que todas as dúvidas se esclareçam.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Zhang daoling

Zhang daoling media mais de 2 metros, a sua testa era larga, as sobrancelhas grandes e o seu nariz era parecido com um bico de falcão. Na planta do seu pé direito tinha sete pontos pretos dispostos como a ursa maior. Os seus braços eram fortes e compridos, indo até aos joelhos. A sua passada era forte como a de um tigre e rápida como a de um dragão.

Momentos antes de Zhang daoling ter sido concebido, a sua mãe sonhou ter visto um gigante descer da estrela do norte. O Deus da estrela do norte veio até ela entregando-lhe uma flôr. Quando ela acordou, o quarto tinha uma forte fragrância no ar e ela percebeu então que estava grávida. Esta fragrância durou todo o tempo de gravidez, que durou 10 meses.
Um dia, Zhang daoling nasceu; nesse dia a casa ficou coberta por uma nuvem amarela, e o quarto da sua mãe, invadido por uma névoa púrpura. Quando Zhang daoling saiu do ventre da sua mãe, uma luz forte e brilhante como o sol e a lua, irradiou todo o quarto.

Zhang daoling era excepcionalmente inteligente. Aos 7 anos entendeu o Dao de jing, de Lao zi. Aos 12 anos antiguidades a mestria do Yi jing e dos clássicos da adivinhação. Ainda jovem,Zhang daoling serviu a comunidade como administrador da província, continuando sempre a estudar as artes do Dao.
Um dia, enquanto meditava na ermida, um tigre branco aproximou-se dele. O tigre trazia na sua boca um pergaminho com escrituras sagradas. Nesse momento, Zhang daoling entendeu que devia de abdicar dos seus cargos políticos e seguir apenas o Dao.
Recusou o cargo de administrador civil para se tornar um ermita a viver nas montanhas. Quando o Imperador ouviu falar da recusa de Zhang daoling, ofereceu-lhe o título de professor celestial  e implorou-lhe que voltasse a assumir cargos governativos. O Imperador convidou-o 3 vezes, tendo tido sempre um não como resposta.

Quando Zhang daoling percebeu que não o iam deixar em paz, decidiu partir para a região montanhosa de Sichuan. Nas montanhas, onde os cursos de água eram profundos e as cascatas caiam de precipícios, Zhang daoling encontrou uma caverna onde meditar para aprender as artes da imortalidade e atingir o Dao.
Zhang daoling ficou na caverna durante vários anos até que um dia ele ouviu o choro de uma garça branca. Nesse momento ele soube que não faltava muito para atingir a imortalidade. Um ano mais tarde, enquanto activava o fogo no caldeirão, para incubar o elixir do tigre e do dragão, uma seta de luz vermelha iluminou a caverna. Um ano passou, quando um tigre branco e um dragão verde entraram na caverna para proteger o elixir.
Finalmente, três anos após Zhang daoling ter ouvido o choro da garça branca, ele completou o elixir e atingiu a imortalidade.

Zhang daoling saiu da sua caverna e viajou pelo rios, vales e montanhas de Sichuan. Numa das suas jornadas encontrou-se com Lao zi, que o ensinou como voar até às estrelas e penetrar no interior da terra. Quando Lao zi partiu, entregou ao sei pupilo um pergaminho de talismãs com capacidade para curar os doentes, e uma espada que conseguia afastar os espíritos malévolos.

À medida que o tempo passava, A experiência de Zhang daoling nas artes mágicas amadureceram. Rapidamente conseguiu tornar-se invisível ou mudar a sua aparência, transformando-se no que quisesse. Ele conseguia ver e ouvir a grandes distâncias e tinha o poder de chamar a chuva e a neve. Conseguia curar os doentes e afastar os espíritos malévolos. A sua fama rapidamente se espalhou, e as pessoas passaram a chamá-lo de professor celestial, pois pensavam que era um imortal do reino celeste.
Quando os 6 senhores do mal souberam que Zhang daoling se preparava para os combater, eles convocaram um grande exército de fantasmas, vampiros, zombies e outras criaturas malévolas. Entretanto, o imortal também se preparava. Ele escolheu um monte verdejante nos arredores da cidade de Chengdu e construiu uma torre com um altar no centro. No altar, Zhang daoling colocou objectos de poder, como espelhos mágicos, sinos e talismãs.
À hora Zu (23 horas), Zhang daoling subiu à torre e invocou o vento, a chuva, e o trovão para derrotar o grande exército de espíritos malévolos. Desenhou também talismãs poderosos e convocou entidades celestiais para combater as forças do mal. 
Os senhores do mal enviaram lanças em fogo e setas na direcção do imortal, mas nenhuma nada lhe parecia atingir, ele acenou com a sua espada mágica e tudo ficou transformado em flores de lótus.
Os senhores do mal enviaram, então, fantasmas famintos para derrotar Zhang daoling, mas quando estes chegaram ao altar, o imortal desenhou um talismã e logo, todos os fantasmas se puseram de joelhos pedindo a sua compaixão. Após esta derrota, os senhores do mal enviaram um exército de vampiros e zombies na direção de Zhang daoling. Quando estes se aproximaram do altar, ele tocou os sinos, e os mortos vivos agarraram-se aos ouvidos e caíram no chão para nunca mais se levantarem.
Vendo o fracasso dos seus servos, os 6 senhores do mal decidiram atacar Zhang daoling, eles mesmos. O imortal pegou na dia espada e desenhou o selo do grande poder. A espada emitiu u feixe de luz quase transformou numa rede que caiu sobre os 6 senhores do mal. Está rede transformou-se numa jaula na qual, os 6 senhores do mal ficaram encarcerados. Quando Zhang daoling se dirigia na sua direcção, os senhores do mal imploraram misericórdia e perdão. Daoling disse-lhes; "vocês trouxeram doença e sofrimento a muita gente, e por isso têm de ser castigados. Mas porque a via celestial é compassiva, não vos irei matar. Vou no entanto. castigar-vos, mantendo-vos fechados nas profundezas da montanha. Desta forma, não voltaram a causar mais sofrimento.
Quando as pessoas viram que os 6 senhores do mal haviam sido capturados, rapidamente vieram ao encontro de Zhang daoling para o agradecer e pediram-lhe que lhes ensinasse as artes mágicas. Como não lhe queria negar o pedido, pediu à população que se organiza-se em grupos para poderem ajudar as pessoas mais necessitadas. Disse também a todos, que a forma mais eficaz de combater o mal, é praticar o bem. Se todos praticarem o bem, o mal nunca conseguirá triunfar.
Para os seus seguidores mais próximos,Zhang daoling transmitiu o poder dos talismãs e disse-lhes para que o usassem sempre para o em e nunca para o mal. 
Um dia ascendeu ao reino celeste e deixou, ao seu filho, a espada mágica e o selo do grande poder, tendo-lhe confiado a tarefa de ensinar todos os seguidores da via do professor celestial.

Zhang daoling - Viveu durante o final do período da dinastia Han (206 a.c - 219 d.c). Ele fundou a escola Daoista conhecida como Tian Shi Dao ( a via do professor celestial) e é reconhecido como o Pai do Daoismo religioso organizado.

sábado, 19 de abril de 2014

Momentos, O Dao não é alcançável, apenas perceptível...

Recentemente tive mais uma prova de que nada é adquirido, de que tudo aquilo que possa sentir e não sentir acontece apenas num instante, num pequeno momento. O presente quando pensado já é passado, quando previsto, não existe.

Como resultado das minhas práticas, várias são as alterações que tenho sentido, algumas transitórias e outras mais constantes mas não cristalizadas. Prova é, que recentemente uma situação me provou isso mesmo. Num  "desaguizado" fora do comum o meu espírito foi perturbado. Não pela pessoa descontrolada que me agredia verbalmente, mas sim pelo meu ego que se mostrou mais forte e que oprimiu o meu coração. Nesse momento a serenidade esfumou-se e claro está, a racionalidade também.

Esta situação fez-me meditar...

Na realidade há uma provação diária, diria mesmo a cada instante. O nosso espírito deve estar concentrado, livre de distrações. Devemos viver o Dao a todo o instante e não de vez em quando. Se isso for feito, nestes momentos saberemos não agir ou, pelo menos não reagir. Pois onde havia uma pessoa exaltada, passou a haver outra...
Se naquele momento estivesse  com a mente focada, essa agitação não se iria expandir e, quem sabe, poderia até mesmo se extinguir dependendo da sabedoria presente naquele instante.

Temos medo da morte mas na verdade morremos todos os dias. Isso é maravilhoso! Uma vez que o nascimento apenas se realiza após a morte.
Quero com isto dizer que todos os dias somos novos seres, diferentes, com novas perspectivas, sensações e pensamentos. Todos os dias nos podemos livrar de mágoas e depressões, angústias e exaltações. Todos os dias podemos ser que sonhamos...

É também por isso que nenhuma mudança é conquistada, apenas vivida!

Aquilo que vivemos hoje, não vivemos amanhã, aquilo que sentimos hoje poderemos não sentir amanhã... Resta-nos trabalhar arduamente o espírito para que este nos proporcione o melhor de todo o nosso potencial.

Hoje penso; concentra, foca e unifica. Esta é a única maneira de me manter no fluxo celeste...