quarta-feira, 29 de abril de 2020

O Dao e a minha caminhada alquímica - Post 07 - A separação da mente

Para quem se dedica à prática interna, a mente está sempre presente. Para alguns será tudo, para outros não. Dependerá sempre da visão única de cada um e se, sobretudo, se a visão é mais religiosa ou espiritual.
Considero de facto importante a forma como vemos as coisas, mas no final tudo são palavas, pois a Verdade é a Verdade e não há palavras que A possam descrever ou adulterar. Podem apenas afastar-se dela...

Para mim, neste período a mente tem quase toda a minha atenção. É nela que me centro na minha introspecção e análise.

Nos últimos meses ou anos tenho-me debatido sobre as diversas nuances da mente. Os pensamentos, as obsessões, as intuições e outras coisas estranhas com que nos vamos deparando no dia a dia como uma possível telepatia...

Tento ir analisando aquilo que vou percebendo e, sobretudo, decompondo para perceber se será real ou ilusório. Sim! Porque a mente prega-nos muitas partidas.

Porque há muitas coisas nas quais queremos acreditar e outras que abominamos. Isso tolda o nosso pensamento e molda as nossas conclusão em nosso benefício.

É crucial entendermos isto! É mesmo muito importante. Pois a verdadeira liberdade chega quando nos libertamos do maior carcereiro, NÓS!

É fundamental estarmos GENUINAMENTE comprometidos com a Verdade, porque muitas vezes Ela não nos é conveniente. Quando a nossa busca não é sincera, tendemos a mentirmo-nos a nós mesmos. É como nos encontrarmos numa corrente da qual não conseguimos sair. Quando parece que estamos quase a sair dela, eis que somos puxados de novo para o centro da mesma.

É então fundamental que nos entreguemos à busca da Verdade! Se queremos entrar verdadeiramente na prática interna este é um requisito! Caso contrário tudo não passa de uma ilusão.

Nesta fase das nossas vidas vivemos tempos muito confusos de pandemia em que as nossas liberdades parecem ser postas em causa. 
Exacerbam-se os extremos; aqueles que acham que deveríamos estar completamente isolados uns dos outros, parados e unicamente preocupados com o virus que nos assola e, aqueles que acham que isto não passa de uma "mise en scene" por parte dos grandes líderes mundiais com o propósito de nos controlar a todos. 

Não tenho qualquer interesse em debater o que estará certo ou errado, até porque creio que nunca encontramos a verdade nos extremos. O importante nestas tomadas de posição é, mais uma vez, cada um fazer o seu exercício e tentar discernir o que é realmente genuíno e o que é fruto do seu ego medos e paranoias. 

Dei este exemplo porque nas crises tudo se torna mais visível mas na verdade este tipo de comportamento tende a ocorrer diariamente. Esta fase é também um alerta para o que se passa connosco diariamente.

Dito isto, retomo o inicial… A mente é realmente um universo em si mesma. Contém ilusão, verdade, memória, medo e ambição, desejo e intuição. Quando começamos a prática interna são muitas as transformações que ocorrem. Para aqueles que já iniciaram a sua prática, saberão do que estou a falar. Para os que ainda não começaram posso dar uma ideia.

A prática produz SEMPRE alterações no corpo, essas alterações ocorrem de forma única em cada um pois cada um se encontra de forma particular. Mas de forma geral a prática interna produz uma diminuição das dores, aumento de flexibilidade articular, aumento de flexibilidade. Com o continuar da prática as alterações continuam a ocorrer, o sono melhora tornando-se mais profundo e reparador e as emoções começam a tornar-se mais brandas e a mente mais tranquila. Em todos os aspectos no nosso corpo as alterações permanecem de forma contínua, com altos e baixos, à medida que continuamos nesta caminhada. Há momentos em que tudo parece estar a desabar, quando na verdade, o que está a acontecer é a exteriorização de muitos desequilíbrios recalcados e bloqueados no nosso corpo. Essa é mais uma razão pela qual devemos seguir Um método e devemos estar certos do que estamos a fazer para não abandonar o caminho à minima contrapartida.

Nos últimos meses ou anos tenho-me debatido sobre as diversas nuances da mente. Os pensamentos, as obsessões, as intuições e outras coisas estranhas com que nos vamos deparando no dia a dia como uma possível telepatia...

Nos últimos anos tenho tentado "ler" as nuances da mente. O que se passa na minha mente. Os pensamentos e sensações. 
De onde vêm elas? 
Virão de mim ou são induzidas por outros? 

E o que sinto em relação aos outros, são preconceitos ou é efectivamente uma leitura do outro?

Estas perguntas, e outras, acompanham-me diariamente. Pouco a pouco começam a chegar algumas respostas.

Falo agora da minha experiência particular sem querer induzir ninguém a conclusões precipitadas baseadas na minha experiência particular.

Muitas dúvidas ainda neste percurso que muito lentamente me vai clarificando e retirando a névoa que possuo na mente. À medida que a percepção se vai desenvolvendo há uma espécie de sensibilidade que é na realidade muito objectiva e clara para quem a vive. 

Tenho concluído que foram muitas as vezes em que a "imagem" primária que tinha das pessoas com quem contactei se alteraram na maioria das vezes. O que é que isto me diz? Muitas das ideias mentais iniciais não passavam da tentativa infrutífera de analisar as pessoas, com base nos meus preconceitos. O tempo e a humildade veio a fazer-me ignorar estas "indicações" mentais dando liberdade ao surgimento de outras faculdades.

Outra coisa interessante é a forma como os pensamentos ou ideias surgem na nossa mente. É tão subtil que é praticamente impossível discernir a sua diferença. 

Tenho estado muito atento e vejo hoje que existem pensamentos que não possuem "a mesma origem". Quero com isto dizer que enquanto uns aparecem devido a um novelo de experiências passadas, influências de familiares e amigos ou coisas que vimos na internet ou TV; há pensamentos que parecem surgir de forma directa sem qualquer influência de qualquer ordem. Creio que este último tipo de pensamento se enquadra na Intuição. Uma forma de informação incorruptível e sem qualquer deturpação que não foge à verdade e por isso nos dá uma confiança inabalável e indestrutível. Mas a questão é ter a certeza de que esse pensamento é realmente um pensamento intuitivo.

*pensamento nem me parece a palavra mais correcta quando a tentamos relacionar com a intuição, pois o pensamento congrega reflexão e neste caso ela não existe.

Esta pesquisa irá certamente ocupar grande parte da minha vida, senão toda. Na realidade tudo acontece em simultâneo. Quando falamos de mente, falamos de corpo também. Quando nos debruçamos no corpo a mente também se altera e molda...

Esta é apenas uma partilha do que tenho vivido nos últimos anos e que em muito decorre das práticas que tenho feito.

Espero que não tenha sido muito enfadonho ;)

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