quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Vira-te do avesso e descobre-te

Enquanto procurares fora o que tens dentro, serás escravo da tua própria ignorância
 
Os nossos sentidos puxam a nossa mente para o exterior, levam-nos a interpretar, discriminar e apreender o que eles percebem. Os nossos sentidos permitem-nos interagir, indentificar e separar o que nos rodeia. Mas estes criam-nos uma distração, uma muito importante.
Levam-nos a acreditar que tudo o que necessitamos está ao nosso redor,  e muitas vezes não está ao nosso alcance.
 
Nada de mais errado, uma rasteira que a mente nos prega por viver dependente dos nossos sentidos...
 
Se ao invés de dependermos exclusivamente dos nossos sentidos, nos escutarmos a nós mesmos vamos realizar algo de diferente. Ao sossegar a mente, ao parar de olhar, ouvir e cheirar. Ao deixar  de tocar e falar, algo de novo surge. Uma nova sensação. Muitas vezes essa sensação é inquietante, desconcertante, fonte de ansiedade e medo. É o, porque não estamos acostumados a percebê-la a escutá-la, ouvi-la e senti-la. Essa voz, sensação ou perturbação somos Nós. Ao percebermos isso o medo desaparece, a ansiedade desintegra-se, o pavor da solidão transforma-se em amor, e a quietude brota como uma flôr na primavera.

É importante ouvirmo-nos, pois muito aprendemos
É importante escutarmo-nos, a nossa percepção aumenta
É importante sentirmo-nos, dessa forma conhecemo-nos e sabemos o que realmente nos é importante
 
Diria que é nesse momento que começamos o verdadeiro caminho. É o momento em que damos início ao processo de crescimento do ser e que caminhamos de forma consistente para o que toda a Humanidade, e já agora o mundo, anseia, a realização.
 
Em nós residem todas as respostas
Em nós habitam todos os desafios
Em nós o Homem realiza-se, realizando também a Humanidade

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Os 10 métodos Daoistas para a longevidade

  • Da Zuo - Meditação sentada
  • Jiang Xin - Acalmar a mente
  • Lian Xing - Refinar a sua natureza
  • Chao Jie - Transcender as dimensões 
  • Jing Xin - Sinceridade e reverência 
  • Duan Yuan - Cortar com as afinidades
  • Shou Xin - Dominar a mente
  • Jian Shi - Simplificar as actividades diárias 
  • Zhen Guan - Manter a perspectiva correcta
  • Tai Ding - Paz fixa

Ensinamentos do imortalcontemporâneo Li Qing Yun

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Li Qing Yun, o imortal de 250 anos

Li Qing Yun foi um imortal contemporâneo, tendo falecido no início do século passado. Por ter vivido até há poucos anos atrás, existem registos curiosos, como notícias em jornais chineses e até novaiorquinos, registando aquilo que foi uma grande notícia naquela altura.

Antes de começar com aquilo que se julga ser a sua história que poucos conhecem em detalhe, até porque ele não gostava de a abordar, devo referir que é sempre possível refutar. Podemos sempre desacreditar a sua imortalidade. É também de referir que o próprio Li Qing Yun nunca procurou provar a sua imortalidade, eram sim as outras pessoas que, curiosas, tentavam indagar a sua vida. Foi graças a Yang Sen, conhecido general da época, que a vida de Li Qing Yun não passa hoje despercebida aos atentos e devotos Daoistas, mas também a todos aqueles que cultivam a saúde e a espiritualidade.

Julga-se que Li Qing Yun nasceu no ano de1678 na província de Sichuan, na cidade de Kangxi. Como a família tinha algumas posses, teve a oportunidade de aprender a ler e a escrever.
Aos 13 anos conheceu 3 senhores com mais de 60 anos. Como estes sabiam que Li Qing Yun gostava de caminhar nas montanhas e passear junto aos rios, que não tinha medo de animais selvagens e era muito corajoso. Por isso, em tom de brincadeira disseram-lhe " seria bom se viesses connosco recolher plantas medicinais, poderias também passear por todo o lado e divertir-te muito".
A partir deste momento, Li Qing Yun acompanhou-os tendo passeado um pouco por todo o lado, passou por Xikang, Xizang (Tibete), Yindu (Índia), Xinjiang, Gansu, Henan, Shandong, Jiangsu, Anhui, Hubei, Hunan...
Regressou a Sichuan no 21º primeiro ano de Jia Qing, em 1816. nesta altura Li Qing Yun tinha já 139 anos. 

Li Qing Yun defendia que a sua idade se devia, entre outras coisas, ao facto de passar todos estes anos em profundo contacto com a natureza.

Após recolher as plantas, Li Qing Yun ia até as aldeias para as vender. Quando tinha dinheiro suficiente para o que necessitava doava todo o dinheiro remanescente às pessoas mais necessitavas. Defendia que apenas precisava do necessário para subsistir e que todo o excedente não lhe interessava.

Quando tinha 139 anos foi até à região de Gansu para recolher ervas nas montanhas Kong Dong em Pingliang. Foi aí que conheceu um padre Daoista que era bem mais velho que ele (Segundo Da liu, no seu livro "Daoist healh exercise book" este padre tinha 538 anos quando Li Qing Yun o conheceu). Li Qing Yun perguntou: "Quais são os seus métodos para a longevidade?" O padre respondeu, rindo: "Ginseng, Lingzhi e Hui (nome em latin: Cymbidum taber) são os remédios para a longevidade. As montanhas e a selva são os lugares onde a não-acção, claridade e tranquilidade podem ocorrer. Estas são as chaves para a longevidade, tu já as possuis, porque ainda desejas esclarecimento acerca da longevidade?"
Li Qing Yun não parava de perguntar ao padre Daoista pelo segredo para a longevidade, por isso o padre ensinou cânticos Daoistas e mnemónicas para que Li Qing Yun memorizasse e treinasse os métodos para a longevidade. Após ter aprendido estes ensinamentos, Li Qing Yun aceitou entre 3 a 5 discípulos e viajou até ao monte Emei onde construiu um abrigo onde pudesse viver e partilhar os ensinamentos Daoistas. Durante vários anos Li Qing Yun ensinou aos seus discípulos os métodos para a longevidade e refinamento.
Li Qing Yun podia comer interminavelmente assim como jejuar durante meses sem sentir fome.

Após a aprendizagem dos métodos Dao Yin, Li Qing Yun melhorou substancialmente o seu físico, a sua mente e a sua perspicácia mental. Nessa altura já tinha 140, mas as pessoas que o viam pensavam que ele tinha apenas 40. Continuou a viver no monte Emei durante cerca de 100 anos, tendo tido mais de 100 alunos e seguidores. Os seguidores de Li Qing Yun eram todos de idade avançada mas conhecidos por terem cara de bebé e cabelos grisalhos, a maior parte deles com mais de 100 anos. Aquando do final da dinastia Qing e do início da Republica da China, Li Qing Yun achou estar muito velho e por isso abandonou o monte Emei e deslocou-se até Chenjia Chang na província Kai (Segundo Yang Sem, Li Qing Yun mudou de lugar para estar mais seguro e para se poder isolar).

Quando Yang Sen soube da existência de Li Qing Yun, pediu a Li Huan para que este viesse ao seu encontro. Li huan pediu então a Li Qing Yun que este viesse encontrar Yang Sen e ele aceitou. Foram então para Wanxian onde Li Qing Yun e Yang Sen privaram (É graças a este encontro que Li Qing Yun é tão conhecido e que os seus métodos estão ao dispor de todos aqueles que estudam o Daoismo). Após Yang Sen ter privado com Li Qing Yun, enviou uma carta a Chiang Kai-shek que desde logo pediu para o conhecer. Infelizmente este encontro não se realizou pois pouco depois Li Qing Yun desapareceu (noticiado no ano de 1933 na revista do New York Times), acreditando-se que tenha falecido.

Antes disso Li Qing Yun ensinou os seus métodos para a Longevidade durante um tempo na Universidade de Beijing através da influência de Wu Peifu (1926).

Para uma informação mais detalhada sobre a Vida e ensinamentos de Li Qing Yun, consultar o livro de Stuart Alve Johnson; The Immortal True accounts of the 250-year-old-man, Li Qing Yun

domingo, 1 de novembro de 2015

Longevidade

"Não leves o corpo à exaustão , não tragas preocupação e letargia à tua mente, não deixes que a ansiedade incomode a mente. Pensa menos para produzir Shen, menos luxúria para aumentar o Jing, e fala menos para cultivar o Qi"

Lao Zi

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Os 5 alimentos proibidos

Alho
cebolinho
cebolinha chinesa
coentros
colza

São todos alimentos cheirosos e picantes. Comer estes alimentos gera confusão no espírito, perturba o Qi, leva a mais pensamentos, e por isso reduz a vida de uma pessoa.


Este conhecimento foi transmitido pelo imortal contemporâneo Li Qing Yun, através do livro "The immortal Thrue account of the 250-year-old Man, Li Qing Yun. Publicado por Yang Sen e traduzido para inglês por Stuart Alve Johnson

sábado, 10 de outubro de 2015

Parcialidade, procurando a sua raíz

A parcialidade manifesta-se quando diferenciamos uma acção e, circunstâncias idênticas. Quando há coisas que são boas, quando são para os outros, mas quando é para nós, a história é outra.. Quando por exemplo um médico receita algo ao seu paciente, mas quando ele tem a mesma doença, decide não tomar nada. Quando nós dizemos a um conhecido que deve ter uma determinada atitude em relação a algo, mas se nos suceder a mesma coisa a nossa atitude será diferente… Creio que, em última análise, a parcialidade combate a moral…

 

Estou convencido que a parcialidade nasce com o nosso ego, e é impossível dissociarmo-la dele. É mais uma das facetas do ego. Apenas reconhecendo-o e diluindo-o, num plano profundo em que não existe diferenciação, poderemos ultrapassar esta feia característica do ser humano.

 

Creio que a parcialidade perverte o que de melhor tem o ser humano. Esta sobrevive à custa do medo e da vergonha (embora a parcialidade não se possa equiparar à mentira, ela leva-nos para um estado de isolamento com o exterior pois acaba por criar um mundo que apenas nós reconhecemos), corrói a moral e os nossos princípios.

 

Acredito que apenas vivendo de acordo com princípios morais fortes, podemos viver toda uma vida livre dos fantasmas da depressão, infelicidade ou ansiedade. Apenas assim podemos viver tranquilos o suficiente para disfrutar da vida.

 

Até certo ponto a parcialidade vai-nos protegendo do que nos é desagradável, desvirtuando o que nos é óbvio.  O problema é que à medida em que a vida avança, a confusão instala-se o processo passa a ser inconsciente, incontrolável. Mais tarde nós próprios já não conseguimos definir o que é “real” do que o que não é. Tornámo-nos tão “únicos” no que diz à percepção da realidade que a interacção é-nos difícil…

 

Para romper com a parcialidade temos de atacar o ego. Temos de combater o medo e deixarmo-nos invadir pela humildade.

Aceitar as nossas debilidades,

aceitar a nossa ignorância e ter fé nas nossas crenças.

 

Desta forma poderemos cortar com este comportamento, que nos separa da nossa essência unificadora. Sendo frontais e honestos, sobretudo connosco mesmos, caminhamos a vida por trilhos parciais, onde a verdade abunda e o crescimento floresce. É-nos desta forma possível, reconhecer as nossas competências e imcompetências. Torna-se simples, ou alcançável, o amadurecimento humano. Alcançar o horizonte deixa de ser utópico, pois no caminho certo, sendo este longo ou curto, há sempre a possibilidade de lá chegar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Natureza vs evolução

Ao longo destes últimos 13 anos, tenho promovido uma transformação interna progressiva. Tenho passado por diversas alterações, desde físicas como mentais.
Quando olho para trás vejo alguém completamente diferente. Diferente nos aspectos físicos aparentes, como não poderia deixar de ser, mas surpreendentemente melhor no que diz respeito a muitos aspectos físicos efectivos. Refiro o aspecto físico pois este não pode ser desvalorizado. É fundamental preservarmos o corpo físico se quisermos ter uma caminhada mais tranquila e capaz. Caso contrário o caminho que buscamos torna-se mais difícil e, quem sabe, até mesmo impossível.

Mas as transformações que mais consigo observar são as mentais. É certo que em 13 anos a maturidade desempenha um grande papel no que somos hoje, e é certo que a maturidade que adquiri naturalmente me transformou. Mas as transformações mentais que sofri foram, em alguns casos, de 360º. É impressionante como é possível isto acontecer, como uma pessoa e capaz de se transformar assim tanto. Se me perguntassem há 13 anos se me imaginava como sou hoje diria claramente que não, que seria impossível.

Com isto não estou a fazer qualquer juízo de valor em relação à minha pessoa, quero apenas partilhar o que penso e provar, se é que sou capaz disso, que qualquer um pode mudar, melhorando ou piorando, em função daquilo que pretende e do que procura.

Sinto que ao entrar em contacto com a filosofia Daoista, a Medicina Chinesa e, mais tarde, a Religião Daoista, a minha mente abriu, a minha consciência expandiu e com isso muita coisa mudou. Desde logo alguma serenidade que não habitava em mim, mas também a capacidade de saber esperar, de tolerar, de ouvir, de abdicar dos louros, de ser capaz de conviver com o erro dos outros e sobretudo o meu, etc. Sou uma pessoa muito diferente hoje e, em meu entender, melhor. Sinto-me muito melhor enquanto ser humano, mais capaz. E isso deve-se sobretudo aos ensinamentos Daoistas, seja através da filosofia, cultura ou religião...

Mas o que me trás aqui hoje é algo de diferente... Há alguns meses que trago esta reflexão a vagear entre o consciente e o subconsciente, a nossa natureza. Serão estas transformações, verdadeiras transformações? Será que estas mudanças que ocorrem no nosso ser são permanentes?

Muitas são as perguntas que me coloco. Ao longo destes anos de trabalho interno tenho verificado em mim diversas situações. Apesar de ter tido um percurso mais ou menos estável e coerente, tive avanços e recuos... Quero com isto dizer que assumi algumas transformações que duraram meses ou alguns anos, mas que mais tarde deixaram de existir! regressei (em aspectos particulares) à minha natureza... Hoje, sinto que internamente algumas características antigas (naturais em mim) recomeçam a acordar e isso leva-me a pensar se é realmente possível mudar definitivamente.

ATENÇÃO - Não quero dizer não vale a pena, mesmo concluindo que as mudanças não ocorrem de forma definitiva, pois acho que tudo o que achamos ser para melhor vale sempre a pena!!!

O que quero tentar entender, e por isso estou também a partilhar, é entender se realmente a nossa natureza é intocável ou não. Se apesar de nos podermos moldar e aparentemente transformar, se ela permanece sempre em nós, mesmo que em standby.

A mim, após estes meros 13 anos, está a parecer-me que sim. Há mudanças comportamentais ao nível do trabalho interno que se enraizaram e que obrigam o meu ser a caminhar no sentido espiritual, e nesse sentido é difícil a minha natureza manifestar-se a 100%. Mas sinto que se perder um pouco de disciplina de trabalho, se abandonar alguns hábitos e rotinas, a minha natureza volta a tomar conta de mim...

Isto parece ser um jogo de duas personalidades, uma que sempre existiu e outra que estamos a construir à nossa medida. A primeira não é forçosamente má, mas não é aquela que queremos para nós. Já a segunda é aquela com a qual  nos identificamos e que por isso promovemos.
Ou também uma batalha saudável entre o espírito (que em todos nós se manifesta e que tende sempre para o Uno) e o físico (no qual o Ego se manifesta).

Em suma, creio ter que trabalhar eternamente determinados aspectos para manter um determinado estado. Terei mesmo de intensificar alguns comportamentos para que possa crescer enquanto ser espiritual.

Entendo mais agora os velhos mestres que assumem uma vida rígida no que a eles diz respeito, pois só assim é possível caminhar para uma verdadeira evolução. A "carne" tende para o sedentarismo, satisfação e anarquia. Se nos deixarmos guiar por ela a vida torna-se, a longo prazo, um desnorte. Por isso também, há já alguns anos a esta parte, decidi escolher o caminho espiritual. Por acreditar que é na unificação que se encontra o verdadeiro bem-estar e a quietude para se ser feliz e sentir realizado